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Sobre os ombros

A parábola da ovelha perdida, que está no Evangelho de Lucas 15:1-7, é narrada por Jesus aos fariseus e escribas, além dos publicanos e pecadores em resposta aos questionamentos dos primeiros, sobre a postura do Cristo em se reunir e comer com os pecadores e publicanos. A proposta dessa parábola é destacar a importância do arrependimento dos pecadores e o quanto é agradável a Deus tal atitude, pois “Eu vos digo que, desse modo haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos, que não têm necessidade de arrependimento.”

Não obstante, queremos também destacar, nessa parábola, a postura daquele que vai em busca da ovelha perdida, personificado pela figura do pastor de ovelhas e que, nos dias de hoje, pode ser eu, você ou qualquer um que se dispõe a sair da sua zona de conforto para ir ao encontro daquele que está perdido em seus sofrimentos, seus vícios ou simplesmente porque não se sente amado. A parábola, no versículo 15, nos apresenta a postura do pastor que sai em busca da ovelha perdida, para que essa possa retornar ao aprisco, através do arrependimento, “Encontrando-a, alegre, a coloca sobre os seus ombros”. Aquele que encontra a ovelha perdida se alegra por estar diante dela e a acolhe em seus braços, percebendo que se encontra fraca, em virtude dos sofrimentos e de suas aflições vividas ao percorrer o caminho que a fez se afastar do rebanho. Percebemos, nessa situação, que renunciar à crítica, julgamentos, castigos e inquirições inoportunas é fundamental para o processo de retorno da ovelha perdida. Inclusive, na parábola, não é apresentado tal comportamento. Pelo contrário, o pastor se dispõe a carregá-la nos seus ombros, para que ela possa ser aliviada nesse percurso de volta, sem reprimendas… Aquele que se desgarra já se sente sobrecarregado e aflito pelos seus remorsos e culpas. O que deseja é buscar o perdão, o amparo do seu lar e retornar ao convívio das pessoas amadas.

A narrativa continua: “e, após dirigir-se para sua casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida”. Após superado o desafio do retorno, como irmãos que todos nós somos, as pessoas próximas também devem se alegrar com o retorno daquele que se encontrava perdido, adotando postura de acolhimento, sem críticas e sem julgamentos, por entenderem que a alegria reina nos corações dos irmãos, na família reconstituída, na família universal e no céu.

Afonso Celso Martins Pereira

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