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O propósito da vida: eudaimonia ou felicidade?

Desde as mais remotas eras, a humanidade questiona qual seria o propósito da vida, o porquê de estarmos aqui. E uma resposta que muitas vezes recebemos é: encontrarmos a felicidade. Mas, será que realmente essa resposta está de mãos dadas com a realidade?

A proposta dos gregos antigos era a busca da eudaimonia, uma vez que não acreditavam que o propósito da vida fosse ser feliz.

O termo eudaimonia vem do grego antigo, abundantemente enfatizado por Platão e Aristóteles, e pode ser entendido como a vida plena, viver bem. Na obra “Ética a Nicômaco”, de Aristóteles, a eudaimonia é descrita como um bem final (o bem supremo), uma vez que, segundo ele, toda ação humana visa à realização desse bem que é tido como autossuficiente e perfeito. Podemos, para melhor facilitar nossa compreensão traduzi-la como “realização”.

O que vai diferenciar a “felicidade” da “realização” é principalmente a dor, haja vista que, apesar de estarmos sofrendo física ou mentalmente, sentirmo-nos sobrecarregados em alguns momentos, podemos, perfeitamente, nos sentir realizados. Tal combinação, a presença da felicidade no sofrimento, psicologicamente, pode ser mais desafiadora de ser compreendida. Já, na eudaimonia, os conceitos combinam naturalmente, uma vez que o objetivo é realização.

Joanna de Ângelis, em seu livro Conflitos Existenciais, nos diz que “Toda vez que se tenta evitar esforço e luta, opera-se em sentido contrário às leis da vida (o sentido da realização – comentário nosso), que impõem movimento e ação como recursos de crescimento psicológico, moral, intelectual, espiritual. Ninguém cresce ou se desenvolve em estado de paralisia. De igual modo, o ser pensante, quanto mais estímulos produz ao impacto dos ideais, das aspirações, dos programas iluminativos, mais inapreciáveis possibilidades se lhe desdobram convidativas. Constata-se que os lidadores, em qualquer área existencial, mais se aprimoram quanto mais produzem e mais se afadigam. Resistências morais desconhecidas são acionadas e recursos ignorados aparecem, tornando cada vez mais fáceis os empreendimentos programados.”

É por isso que muitos dos projetos mais valiosos da nossa vida não estarão de acordo com o contentamento, no entanto, vale a pena ir em busca deles mesmo assim, para que possamos encontrar a nossa realização, a eudaimonia. A vida é repleta de desafios que valem a pena ser enfrentados, mesmo que a custo de muita energia nossa, mas que, ao final, poderemos olhar para trás e sentirmos que fizemos a diferença.

Com isso, compreenderemos que a existência não será isenta de dor, mas, se nos empenharmos, será repleta de realização.

Jesus abençoe os esforços de cada um!

Grande e fraterno abraço!

Paulo Henrique de Assis

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