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Morte

Para nós, espíritas, a morte tem explicações sobre seu processo. Tirando o viés biológico, encaremos o ponto de vista espiritual. Vamos nos deter aqui sobre a pergunta clássica: para onde vamos depois que “morremos”?

A maioria sequer pensa nisso nas idades em que as forças do corpo lhes permitem a vida sem essas preocupações. Mas, em geral, à medida que a senescência vai acontecendo, com ou sem doença, a inexorabilidade da finitude do corpo físico vai se apresentando.

O que vem depois? Quem tem essa informação? Em quem posso me basear para entender?

Nas pessoas onde a falta de religiosidade é o comum, as dúvidas são cruéis, as incertezas se somam ao medo do desconhecido. E a busca de um entendimento se torna um objetivo forte onde, antes, não se dava tanta importância.

Para aqueles que já se dedicam a estudos religiosos, a morte (passagem) já descortina algo mais. Todas as religiões são espiritualistas, ou seja, “algo” sobrevive à morte do corpo físico e permanece vivo, consciente, íntegro. Mas, persiste uma névoa, um mistério, que encobre o que vem depois.

A doutrina espírita vem nos mostrar que a vida continua, como foi dito, mas continua com outro patamar de conhecimento. Quando Allan Kardec nos afirma que “a fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade,[i] isso nos indica que devemos e podemos questionar as informações que nos chegam, faladas ou escritas.

As explicações sobre as cidades espirituais, belas e estéticas, assim como, no extremo oposto, os aglomeramentos de Espíritos em locais pavorosos de expiação, são, ao raciocínio mais cuidadoso, totalmente passiveis de entendimento e de aceitação, visto que há lógica e entendimento nisso. Não sabemos que somos herdeiros de nós mesmos? Daí a justeza do raciocínio. Há méritos e dívidas em nossa consciência.

Emmanuel, em seu livro Roteiro, vem nos alertar que o “dever é impositivo da educação que nos obriga a parecer o que ainda não somos, pra sermos, em liberdade, aquilo que realmente devemos ser.” A fé inabalável, a convicção firme, nos levam ao autoconhecimento, à segurança e à confiança no caminho que estamos trilhando, porque sabemos para onde estamos indo e o que queremos ser!

Continua Emmanuel na mesma obra: “Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás sem ninguém; e se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.”

Enfim, insistindo ainda na inabalabilidade da fé verdadeira, entendamos Jesus, quando nos ensina: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (Jo 5. 24).


[i] O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Cap XIX, item 7.

Fernando Emílio Ferraz Santos

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