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Lírios do campo

“Portanto, “Olhai para os lírios do campo (…)” Jesus (Mateus 6:28)

A concepção de Deus proposta pelo Espiritismo é relativamente complexa. A ideia de uma “inteligência suprema” e uma “causa primeira”[i] exige uma série de premissas e raciocínios abstratos. Isto dificulta a compreensão por muitas pessoas.

No entanto, há um outro caminho, acessível a todo mundo: a observação da Natureza. “Pela obra se reconhece o autor”, anota O Livro dos Espíritos[ii]. Esta prática, preconizada por muitas linhas do pensamento espiritualista, tem sido perdida nos dias atuais.  Espremidos pela falta de tempo, estressados pelo volume de atividades, distraídos pela mídia digital ou simplesmente acomodados na materialidade da vida física, temos esquecido de prestar atenção à natureza ao nosso redor.

Jesus, professor por excelência, nos convida a esta reflexão, no Sermão do Monte. Para explicar sobre a chamada “providência divina”, ele usa a figura simples do lírio, ou melhor, da beleza do lírio. Certamente a ciência pode explicar a estrutura genética das flores, mas apenas o sentimento pode perceber a beleza. E é na beleza, como se um cuidadoso jardineiro tivesse dedicado seus melhores esforços a cada flor, que podemos “sentir” Deus e “compreender” Deus.

Reserva um tempo para a beleza, orienta a benfeitora Joanna de Ângelis[iii]. De vez em quando respirar fundo em um bosque, ouvir as ondas do mar, apreciar as flores de um jardim, buscar as estrelas numa noite clara, admirar o canto de um pássaro, não deveria ser considerado “perda de tempo” ou “coisa de poeta”: são exercícios para o Espírito. É uma das maneiras de nós, filhos, encontrarmos o pai.

Considere que aquela plantinha que você colocou num vasinho bonitinho pode fazer mais do que adornar seu ambiente. Olhe com atenção para ela.


[i] O Livro dos Espíritos. Allan Kardec. Questão 1.

[ii] O Livro dos Espíritos. Allan Kardec. Questão 9.

[iii] Vida Feliz. Joanna de Ângelis/Divaldo Franco. Mensagem 117.

Ely Edison Matos

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