Ainda hoje
Somos Espíritos experienciando uma faixa evolutiva bem característica e heterogênea. A humanidade de hoje vivencia um período bem díspar. Um número expressivamente grande dos habitantes deste planeta (incluo aqui os desencarnados) existe, não vive. Existe, seja porque sua alienação do verdadeiro sentido da vida não lhes permite ver a realidade, seja porque a busca do prazer efêmero na carne lhes tolhe o impulso de crescimento.
Há os que já têm uma noção de religiosidade, perfazendo uma procura da salvação e buscando um entendimento da vida que lhes deem um sentido de estar aqui.

E há os que já vislumbram os “altos fins da existência”, como dizia Samuel Hahnemann em sua homeopatia.
A mensagem de hoje, que nos foi inspirada nas leituras de Emmanuel, incita-nos a aproveitarmos o tempo de maneira útil e produtiva. Então, não esperarás pela fortuna, a fim de servir à beneficência. Ainda hoje podemos fazer a diferença para alguém necessitado.
Não requestarás a glória acadêmica para colaborar na instrução. Não precisaremos ser doutores para ensinar ao que sonha com as letras. Clarear a ignorância do semelhante, ainda hoje, é de profunda nobreza.
Não exigirás ascensão ao poder humano a fim de proteger as vidas alheias. Se esperarmos ter alguma autoridade para auxiliar o aflito, oportunidades de ajuda serão perdidas às centenas. Qualquer atitude, ainda hoje, em benefício dos que sofrem privações de variado tipo valem mais do que títulos empoeirados e em desuso.
Não solicitarás feriado para socorrer os aflitos. É comum a queixa de que não temos tempo. Quantas vezes já falamos disso. E muitas vezes achamos que é necessário muito tempo para sermos fraternos. Com isso deixamos mais oportunidade escaparem de nossas mãos. Podemos mudar isso, ainda hoje.
Não aguardes santidade compulsória para demonstrações de virtudes. Não é necessário ser santo para auxiliar e acolher. A “santidade” verdadeira é o auxílio no momento que for necessário, não importa a quem, com os recursos que possuirmos, ainda que parcos, ainda hoje.
Toda migalha do bem, com quem for e onde for, é crédito acumulado ou começo de progresso na justiça de Deus.

Allan Kardec, no livro Viagem Espírita em 1862, cita no discurso III: “A palavra caridade, vós o sabeis, Senhores, tem uma acepção muito extensa. Há caridade em pensamentos, em palavras, em ações; ela não é tão somente a esmola.”
“Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”
Lucas 12:20
Fernando Emílio Ferraz Santos
Página 3