CARE 48

Deus está Aqui

O poema Vozes D’África, de autoria de Castro Alves, faz um apelo comovente que assim se expressa: “Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes? Embuçado nos céus? (…) Ondes estás, Senhor Deus?”

Trata-se de um belo poema que lamenta a dor da escravidão a que foram submetidos os povos africanos em eras passadas. A escravidão africana teve fim depois de séculos e, hoje, há todo um movimento social que busca reconhecer a dignidade e os direitos de igualdade de nossos irmãos oriundos daquele continente e de seus descendentes. Este processo é lento e doloroso, mas as mudanças virão, mesmo que vagarosamente, pois estamos em permanente movimento. Consideramos a escravidão como uma doença social em que a cura vai levar tempo.

Hoje o planeta Terra passa por uma pandemia que tem assolado todos os países e todas as classes sociais. E, como o poeta, também nos perguntamos: onde está Deus, que não nos livrou da Covid-19?

Pensemos: Deus criou as florestas, os homens põem fogo e destroem as florestas; Deus criou as águas e os homens constroem, desordenadamente, criando condições para enchentes; Deus nos enviou Jesus, que foi todo amor e bondade e nós, humanidade, o assassinamos. Deus nos criou simples e ignorantes como nos informam Allan Kardec e os Espíritos Luminares em O Livro dos Espíritos e a busca do progresso espiritual deveria ser a nossa senha para viver no mundo.

A Doutrina Espírita nos ensina que existe uma lei de causa e efeito. Tudo o que fazemos aos outros se volta, em algum momento, para nós. Então, reclamar, chorar, ficar em desespero talvez não sejam as melhores opções. O momento oferece excelente oportunidade de pensarmos e fazermos o bem a todos que nos cercam e também a nós mesmos. É preciso cuidarmos melhor do nosso planeta, é preciso cuidarmos melhor uns dos outros.

E Deus? Joanna de Angelis e Divaldo Franco, no livro Entrega-te a Deus, nos dizem: “Deus é a força geratriz do universo e de tudo quanto existe. Nada, ser algum, jamais poderá alienar-se de Sua misericórdia nem do Seu amor”.

Ana Lúcia Araújo

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