Lembranças, resgates e a intuição
Allan Kardec, na questão 393, de O Livro dos Espíritos, faz o seguinte questionamento aos Benfeitores Amigos: “Como pode o homem ser responsável por atos e resgatar faltas de que se não lembra? Como pode aproveitar da experiência de vidas de que se esqueceu? Concebe-se que as tribulações da existência lhe servissem de lição, se se recordasse do que as tenha podido ocasionar. Desde que, porém, disso não se recorda, cada existência é, para ele, como se fosse a primeira e eis que então está sempre a recomeçar. Como conciliar isto com justiça de Deus?”.
Diante do pensamento lúcido do Mestre de Lion, os Espíritos o elucidam de forma magistral. Aconselhamos ao amigo leitor que leia na fonte a resposta para que possa sorver toda a sabedoria daqueles que estão muito mais adiantados que nós.
Destacamos, entretanto, a descrição de como os resgates são escolhidos: “Quando o Espírito volta à vida anterior (à vida espiritual), diante dos olhos se lhe estende toda a sua vida pretérita. Vê as faltas que cometeu e que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as teria evitado. Reconhece justa a situação em que se acha e busca então uma existência capaz de reparar a que vem de transcorrer. Escolhe provas análogas às de que não soube aproveitar ou as lutas que considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que incorreu.”
Compreendemos, dessa forma, que, geralmente, escolhemos as provas pelas quais passamos em nossa existência, ressalvadas aquelas que, pelas nossas ações da encarnação atual, as buscamos (vide capítulo 5, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item Causas atuais das aflições).
Apesar de nossas escolhas, muitas vezes, diante das provas, nos sentimos desalentados e questionamos a causa de estarmos passando pela situação. Entretanto, nos esquecemos da necessidade de sintonia com o nosso Espírito Protetor, avalista de nossa encarnação. Sintonizados, poderemos ouvi-lo na acústica da alma, na forma de uma intuição, palavras de conforto, verdadeiros insights visando o nosso fortalecimento e adequação de nossas ações para que o resultado da atual encarnação possa ser o mais profícuo possível. Dessa forma, amigos queridos, que busquemos nos sintonizar com os Benfeitores Espirituais para que, mesmo na ausência de lembranças da causa dos desafios pelos quais estejamos passando, possamos ter a intuição exata de que esses resgates fazem parte de um processo maior que nos levará ao equilíbrio e à paz.
Muita paz!
Paulo Henrique de Assis
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