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Caracterizando a humildade

De todas as virtudes, a humildade talvez seja a de mais difícil entendimento. Haja vista a expressão pobre de espírito, da qual se valeu Jesus, que muitos, ainda hoje, não entendem que se refere  à própria humildade.

Humildade não é simploriedade, subserviência, submissão, desleixo ou pobreza.

Emmanuel vai defini-la como o reconhecimento de nossa pequenez diante do universo. (1) Trata-se, portanto, de uma atitude íntima onde o sujeito vê-se pequeno diante de toda a realidade existente.

Joanna de Ângelis, por sua vez, acrescenta que esse sentimento é acompanhado de uma certificação do que se é, do que se já alcançou, e, de forma alguma, de uma tendência (quase sempre hipócrita) de negar o próprio valor.

Segundo a benfeitora, mente todo aquele que exibe dotes que não possui, quanto o indivíduo que os esconde e nega. (2)

Mas, essas duas constatações íntimas se acompanham de um desejo sincero de ir além do que se é, de ultrapassar fronteiras, se colocando na condição de aprendiz.

Assim, três traços comportamentais estão presentes na Humildade:

  • identificação de nossas imperfeições,
  • reconhecimento de nosso valor e
  • atitude de quem quer crer, aprender e evoluir.

Sem o reconhecimento de nossa pequenez, não nos colocamos na posição de aprendizes (nada há a ser aprendido). Sem a identificação do que já temos, não temos como saber para aonde ir.

Isso é evidente na personalidade de Jesus. Recusou o adjetivo de bom, mesmo sendo o Governador espiritual da Terra, mas aceitou o qualificativo de mestre. Não se considerava bom, porque diante de Deus, reconhecia sua pequenez, mas admitiu ser mestre, ou seja, o que ensina.

Tão extraordinário é esse sentimento, que Kardec reproduz, em O Evangelho segundo o Espiritismo, o seguinte pensamento:

Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita virtude, com orgulho. (3)

  1. Pensamento e vida.
  2. Vida feliz.
  3. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo. XVII.

Ricardo Baesso de Oliveira

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