CARE 65

Ubuntu

Narra uma história africana, que um antropólogo quis estudar os costumes das pessoas de uma determinada aldeia daquele continente. Como vivia rodeado pelas crianças, ele propôs uma brincadeira: encheu uma cesta de doces, enfeitou com fitas coloridas e a deixou debaixo de uma árvore. Reuniu as crianças e falou:

– Vou traçar uma linha aqui no chão e vocês ficarão sobre ela. Quando eu disser “já”, vocês podem correr até aquela árvore. Quem chegar primeiro, ganha a cesta de doces.

O homem deu o sinal, e as crianças correram em direção a árvore todas de mãos dadas! Ao chegarem à cesta, sentaram-se à sombra e repartiram os doces entre si. Surpreso, sem entender o que tinha acontecido, o antropólogo perguntou às crianças:

– Por que vocês correram juntas? Se tivessem feito como eu propus, um só de vocês ganharia todos os doces. Rapidamente, uma das crianças respondeu:

Ubuntu, tio! Como um de nós poderia ficar feliz enquanto os outros estivessem tristes?

O antropólogo desconcertado entendeu um dos significados de “ubuntu”, que é: com cooperação se alcança a felicidade.

A palavra ubuntu é de origem africana e tem como significado a humanidade para todos. Que filosofia admirável! Completamente em ressonância com o amor ao próximo, ensinado e exemplificado por Jesus. Aquelas crianças demonstraram que ninguém pode ser feliz vendo um irmão seu na infelicidade.

Será que na qualidade de pais estamos ensinando às nossas crianças a filosofia ubuntu? Ou incentivamos nossos filhos a desejarem tudo somente para si? Mostramos aos pequenos que não devemos nos importar com o outro? Ou utilizamos a ação de partilhar na convivência diária? Somos aqueles pais que interferimos, até mesmo numa brincadeira infantil, para que o nosso rebento seja vitorioso? Ou ensinamos que podemos encontrar alegria na vida, repartindo com o próximo o que temos? Pensemos nisso, pois ansiamos por um mundo melhor e mais justo, porém temos vivenciado e ensinado aos nossos filhos a assim procederem? Ou temos perpetuado a existência do egoísmo? Lembremos da recomendação do Espírito Emmanuel no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item11: “O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta.”

E podemos contribuir com o desaparecimento do egoísmo, quando somos exemplo de solidariedade e de empatia para nossas crianças no nosso dia a dia. Todos somos filhos do mesmo Pai e devemos nos amar como irmãos, demonstrando assim o nosso amor a Deus.

Sigamos o exemplo das crianças africanas!

Ubuntu para todos nós!

Verônica Azevedo

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