CARE 64

A geração nova

O último capítulo do livro A Gênese, publicada em janeiro de 1868 por Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita, é intitulado “A geração nova”.

Se há uma nova geração, com certeza existiu ou ainda existe uma geração “velha”.

A geração velha tem algumas características muito especiais:

ESPÍRITOS REVOLTADOS CONTRA DEUS, que reclamam que Deus não me ouve, atribuindo a Deus a surdez; Deus não me vê, está cego; Deus não se lembra de mim, está desmemoriado; Deus não me entende, tem problemas de compreensão. Muitas vezes não somos propriamente revoltados quanto a Deus, mas temos lá nossas questões com o Divino, o que nos alerta para a necessidade de autoavaliação.

INCLINAÇÕES INSTINTIVAS que geram paixões degradantes, como sentimentos antifraternos decorrentes do egoísmo, orgulho, inveja, ciúme. Basta esse quarteto para derrubar qualquer um. Aliás, basta um, o egoísmo, a chamada chaga da humanidade, que estimula atitudes que se vinculam a esses sentimentos. Será que ainda estamos na velha geração e damos preferência à materialidade, sensualidade, ganância etc.? Onde nos situamos em várias dessas características, em razão do nosso atual patamar evolutivo?

Já a GERAÇÃO NOVA terá uma característica bem definida: inteligência e razão, unidas a um sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas.

Em O Livro dos Espíritos, questão 1019, Allan Kardec indaga: — O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra? Eis a resposta: “O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a habitam, os bons superarem os maus. Então eles farão reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem tiver banido daqui o orgulho e o egoísmo. A transformação da Humanidade foi predita, e chegamos a esse momento em que todos os homens progressistas estão se apressando. Ela se realizará pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração.”

Santo Agostinho afirma no capítulo 3 de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus.” (SANTO AGOSTINHO. Paris, 1862.)

No entanto, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de ideias. Desse conflito, forçosamente se originarão passageiras perturbações até que o terreno se ache aplainado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram consequência do estado de formação da Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da humanidade. (“A Gênese”, cap. 18, item 7) E nós? A qual geração pertencemos?

Luiz Eduardo Prado de Oliveira

Página 12