CARE 63

Faça-se a luz

Há poucos dias um rapaz que estava à minha frente, no meu trabalho, me confidenciou: “Eu não sei mais em que ou quem acreditar. Não digo das coisas do mundo, mas das coisas fora deste mundo.”

Pedi a ele que se explicasse melhor.

“A vida, para mim, é misteriosa demais. Não sabemos nada, não confirmamos nada… Já estudei sobre várias doutrinas, filosofias e pensadores. Eu busquei entender as Escrituras Sagradas porque me aconselharam, mas eu não enxerguei nada de diferente.”

Essa é uma situação muito comum; hoje mais ainda. A falta da fé raciocinada limita nossa visão e compreensão. Num mundo de comportamento imediatista como o nosso, sugerir para uma pessoa parar e pensar diferente é um desafio. A maioria dos seres humanos é criada de acordo com o que os pais aprenderam. Mas, os costumes estão mudados.

O pai, como tradição, fica fora para trabalhar. A mãe, atualmente, tem um ritmo de vida de fazer inveja a um atleta. As crianças em escolas que exigem cada vez mais delas. E, se pudéssemos rotular a instrução hoje, poderíamos com grande chance de acertar dizer “competição”.

A Doutrina Espírita nos ensina que a alma reencarna para um novo período de experiência. Mas, boa parte dos reencarnados não percebe em si o que outros percebem. Vivem constantemente achando que falta algo. Sentem um vazio, algo que não os preenche. Copiam o comportamento de outras pessoas, mas não lhes é suficiente.

É aí que reside o grande problema: a busca fora de si mesmo. Foi o comentário que fiz ao rapaz em questão. Repeti o termo que ele usou: “Você buscou fora de você as respostas. Você conseguiu argumentos e fundamentação, mas o que você elaborou para si mesmo disso tudo?”

Fomos por este caminho. Expliquei que o mundo ensina coisas do mundo, mas a religiosidade e os ensinos cristãos nos mostram as coisas do Espírito, de Deus, o Criador.

E não tem como evoluir e progredir sem esforço e crescimento, tirando as pedras do caminho, pedras que nós mesmos colocamos.

Emmanuel, no livro “Vida em Vida”, psicografado por Chico Xavier, vem nos dizer: “as dificuldades de qualquer natureza são sempre pedras simbólicas, asfixiando-nos as melhores esperanças do dia, do ideal, do trabalho ou do destino, que recebemos na glória do tempo. É necessário saber tratá-las com prudência, serenidade e sabedoria. Há diversos modos de considerar os obstáculos, removendo-os ou aproveitando-os”.

Ainda conversando com o meu interlocutor, mostrei a ele o título de um dos livros de Joanna de Ângelis, “Autodescobrimento”. Falei do caminho para dentro. Dentro de nós, em nossas meditações pessoais, estão as respostas mais profundas, completando o que experienciamos no mundo, nas leituras e estudos.

Estamos, todos nós, na peregrinação em busca de nosso conhecimento interior, determinados a encontrar o sentido da vida, como muito bem escreveu Viktor Frankl.

O meu paciente mudou as lentes da sua visão. Mudou o ângulo de estudo e raciocínio. E eis que me escreveu feliz por ter se encontrado. E, assim, ficamos com o Mestre:

“Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará em trevas,
mas terá a luz da vida”João 8:12

Fernando Emílio Ferraz Santos

Página 3