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O tempo

O ser humano primitivo compreendia o tempo através do dia e da noite, bem como pelas fases da lua. O ser humano moderno passa a entender e a utilizar o tempo através das leis da física newtoniana e das novas leis da relatividade, desenvolvidas pelos estudos de Albert Einstein. A física e a astronomia são ciências que possibilitaram ao homem uma apuração da compreensão e da utilização do tempo e do espaço, de forma cada vez mais precisa, resultando em melhor aproveitamento pela humanidade.

Entretanto, diante das diversas possibilidades de apropriação do tempo pelo homem contemporâneo, precisamos transcender como Espíritos imortais, a sua utilização não apenas como um processo transformador da natureza, mas sim, como um processo de evolução, oportunizado pela reencarnação, conforme nos apresenta Allan Kardec na questão número 132, de O Livro dos Espíritos: “Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição…”

Os evangelistas, em diversas passagens, narram episódios em que muitos homens e mulheres aproveitaram o tempo para processar em si as lições que as suas experiências lhes proporcionaram. Podemos inferir que o tempo de aprendizagem do Espírito não se conta pelo ciclo lunar e nem pelo tempo de exploração e dominação da natureza, mas sim pela ação do aproveitamento da lição vivida.

Para o Espírito imortal, sua evolução depende de si e não do tempo. As lições de aprendizado e aperfeiçoamento se encerram somente após o seu efeito. O tempo que a mulher hemorroíssa levou da ação de estender a sua mão até as vestes de Jesus foi o tempo que a possibilitou, através da fé, a sua cura e não os doze anos que passou sofrendo com o sangramento. (Lc,8:43-48). 

Diante das nossas provas e expiações, devemos utilizar o tempo como um processo pedagógico para o aprendizado evolutivo, que trabalhe a resignação, fortaleça a fé, concretize a esperança e a certeza de que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. O tempo pode ser quantificado e manipulado pela Ciência, ofertado pelo Criador através do Universo, constituído de planetas, estrelas e galáxias, mas é o Espírito consciente da sua imortalidade e da tarefa que Deus lhe deu – “A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-lo de si.”[i] – é que vai fazer o seu tempo para cumprir a sua missão.


[i] O Livro dos Espíritos, questão 115.

Afonso Celso Martins Pereira

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