CARE 59

O filho do homem tem o poder de perdoar os pecados

Segundo o Evangelho de Marcos, Jesus, após curar um paralítico, disse: O filho do homem tem o poder de perdoar os pecados.

Filho do homem é uma expressão que Jesus aplicava a si mesmo. Na época de Jesus, acreditava-se que as enfermidades seriam resultado de atitudes pecaminosas. Assim, ao curar o paralítico, ele estava, indiretamente, perdoando os seus pecados.

Em verdade, isso não é possível: não existe um perdão que vem de fora. Ninguém nos julga, nem nos premia, nem nos pune ou nos perdoa. Tudo isso acontece na nossa consciência, onde estão escritas as leis de Deus.

O que Jesus queria dizer então? Que a lei de Deus autoriza, que ele e os Espíritos bons vinculados a ele possam intervir em nosso benefício, curando ou aliviando nossas enfermidades. É claro que, para que isso aconteça, nós precisamos criar condições favoráveis, por uma atitude mental saudável, ou por uma existência rica em experiências solidárias.

A esse respeito, reproduzo o seguinte fato:

Marília de Dirceu Oliveira Faria, ou Tia Lila, era a irmã mais velha de meu pai e residia em Brasília onde desenvolvia intensas atividades no movimento espírita local. Além de atuar como dirigente de reunião de estudos e trabalhos mediúnicos, na Comunhão Espírita Cristã de Brasília, Lila organizava chás e jantares beneficentes, e revertia os lucros para a localidade de Astolfo Dutra, na Zona da Mata mineira, onde a família de seu pai, meu avô paterno, mantinha uma casa de apoio a meninas em condição de orfandade. Durante mais de 40 anos, as atividades filantrópicas organizadas por ela foram o esteio financeiro dessa casa, a Fundação Espírita Abel Gomes.

Certa feita, Tia Lila vai submeter-se a uma cirurgia de catarata, e grave infecção surge como complicação do procedimento cirúrgico. Apesar de toda a terapêutica aplicada, o caso se agrava de tal forma que ela se vê acometida de cegueira parcial. No entanto, para preocupação geral, o olho sadio manifesta também um quadro infeccioso igualmente grave. Novos médicos são acionados, antibióticos ultramodernos, mas os resultados não se mostravam satisfatórios.

A terapia espírita através da magnetização estava sendo aplicada quando, certa feita, um de seus filhos, Sérgio Oliveira Faria, portador de segura mediunidade, ao aplicar-lhe o passe magnético, identifica uma entidade desencarnada de nome João Tomé. O espírito era conhecido da família, de longa data; militara também no movimento espírita de Brasília e era cego desde o nascimento. Ligando-se a Sérgio pelos canais da mediunidade, a entidade, dirigindo-se a todos os presentes, disse:

Nossa irmã Lila vai se recuperar do segundo olho, não se preocupem. Foi-lhe autorizada uma intervenção socorrista. Tudo vai evoluir bem.

E, ante o alívio geral, o espírito prosseguiu:

Lila, então vivendo uma experiência no corpo masculino, e eu estivemos juntos em uma encarnação na idade média. Desenvolvíamos atividades no sacerdócio católico, mais intimamente vinculados ao movimento inquisitorial. Nessa infeliz encarnação, cometemos barbaridades que ficaram marcadas em nossa mente. Deveríamos prosseguir a reparação nesta existência. Eu nasceria cego, como nasci. Lila, que tinha culpabilidade menor que a minha, seria acometida da cegueira por volta dos 60 anos. Explica-se aí a complicação infecciosa da cirurgia. Todavia, pelos grandes méritos conquistados por ela, na tarefa assistencial espírita, foi autorizada uma amortização do débito, e, em lugar da cegueira completa, restou-lhe a cegueira de apenas um dos olhos.

A previsão da entidade se verificou: a infecção passou a responder aos antibióticos e o olho teve sua função totalmente restaurada.

Ricardo Baesso de Oliveira

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