CARE 59

Paciência

Em minha lida profissional (não estou considerando a pessoal) tenho me deparado com uma observação notável que me fez pensar sobre o assunto. Há muito que não encontro, nos diálogos com meus pacientes, uma queixa somente física.

Já de há alguns anos que os sintomas físicos ficaram para segundo plano. E as queixas emocionais e psicológicas se sobrepõem às demais. Porém, uma situação me chama mais ainda a atenção.

O número de pessoas que demonstra uma enorme dificuldade de ter paciência está cada vez maior. Não é que não existisse essa característica antes, mas está, no mínimo, muito mais explícita agora.

A paciência é uma virtude muito aclamada, mas de desafiadora aplicação.

A Doutrina Espírita (incluem-se aqui os ensinamentos do Mestre Jesus) nos ensina que diante de graves problemas, distúrbios como profunda tristeza e fortes emoções, o remédio é a paciência.

A paciência é um estado mental que se desenvolve. É uma virtude que se conquista.

Esse desenvolvimento pode ser natural (ou espontâneo), que é mais lento, mas certeiro. Mas, pode ser planejado e exercido conscientemente, com autoeducação, por isso mais rápido.

A paciência exige uma atitude positiva e realista diante de um fato, sentimento ou emoção. A paciência é a conscientização que nos aclara a visão e abre portas de alternativas para soluções.

É ativa quando determina comportamento e atitudes que atuam na remoção do obstáculo de maneira firme e confiante. Passiva quando se impõe uma “retirada” para outra posição, evitando-se uma atitude irracional e intempestiva.

É importante percebermos que reação o fator gerador da impaciência reflete em nós. Percebermos se esse fator nos gera irritabilidade, despeito, cólera etc. A causa disso pode estar em raízes neuróticas presentes em nossa personalidade.

Por isso, a situação deve ser racionalmente compreendida. Não se conquista paciência de imediato. É uma prática diária, uma experienciação positiva e construtiva.

Emmanuel, em seu excelente livro Pronto Socorro, capítulo 26, assevera que “um notável sinal de paciência é aquele da pessoa que, interpelada por mais de cinco vezes, sobre o mesmo assunto, atende sempre, com a mesma gentileza e com o mesmo tom de voz da primeira resposta.”

Em Salmos 37:7-9 vemos: “Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros nem com aqueles que maquinam o mal. Evite a ira e rejeite a fúria; não se irrite: isso só leva ao mal. Pois os maus serão eliminados, mas os que esperam no Senhor receberão a terra por herança.”

Mas, o exemplo fiel do significado da paciência como virtude que faz o progresso e traz a serenidade está em 2 Pedro 3:9: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia; mas é longânimo (paciente) para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.”

Fernando Emílio Ferraz Santos

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