As coisas que me dizem
Também preciso pensar nas coisas que digo. Os encontros acontecem naturalmente ou programados. Às vezes nos preparamos para eles, outras vezes, nem tanto e jogamos com as circunstâncias como as antigas crianças jogavam petecas nas tardes primaveris das velhas lembranças. E aqueles tempos passaram e os encontros de agora são bem diferentes onde o maior jogo é o do interesse pessoal. Também o exerço, você o exerce e tantos outros também o fazem. Contudo, neste jogo, é preciso ter cautela e bom senso.
Encontramos em O Livro dos Espíritos o seguinte:
895. Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o sinal mais característico da imperfeição?
“O interesse pessoal. Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre, a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas, e às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se patenteia, todos o admiram como se fora um fenômeno.
Há uma relação inequívoca entre o ser e seu crescimento espiritual. A grande maioria da humanidade ainda não reflete sobre isso. O tempo é o grande aliado, mas o espaço ainda é disputado ferozmente. Ora, tempo e espaço são oferendas de Deus a todos nós e haverá um tempo que deles nos libertaremos e chega-se mesmo a dizer que o espaço é mera ilusão da mente em seus perípteros para se sentir segura. E os encontros se sucedem. Às vezes os ornamentamos com isso e aquilo para que nos sintamos confortáveis. Noutras vezes embrutecemos tais encontros nos objetivos sinistros do ganho eu, perde você.
Como foi bem explicado na questão citada de O Livro dos Espíritos, é preciso buscar qualidades reais e morais para que nos sintamos aconchegados enquanto sociedade e seguros enquanto irmãos que se respeitam mutuamente. Não basta existir, isso vem de Deus, é preciso consolidar em nós as verdadeiras propostas de caminharmos seguros em busca do nosso objetivo final que é a perfeição como nos disse Jesus e que Allan Kardec bem a estudou no Capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Lembrando ainda dos jogos de petecas nas tardes pós inverno, havia quase uma inocência nos olhares que se buscavam naqueles encontros. E era suave e sublime e, não fosse a chegada das estrelas, tudo seria muito triste após os jogos.
Estrelas que brilham, almas que se solidarizam em torno do bem, em torno de Jesus. Este deve ser o motivo maior dos encontros para que o que me dizem e o que eu digo não sejam douraduras finas que não resistem à pedra de toque.
Guaraci de Lima Silveira
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