CARE 58

Família, instrumento da perfeição

No item 13 “A fé e a caridade”, inserido no capítulo 11, “Amar ao próximo como a si mesmo”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a seguinte orientação de um Espírito protetor: “Para ser cristão, na sociedade atual, não é mais necessário o sacrifício do mártir, nem o sacrifício da própria vida, mas, simplesmente, o sacrifício do egoísmo, do orgulho e da vaidade”. Diante desta afirmativa, talvez possam existir em nós, dúvidas de como poderemos trabalhar em uma sociedade tão complexa, imediatista, consumista e culturalmente diversa, o sacrifício do egoísmo, do orgulho e da vaidade.

Antes de nos lançarmos à humanidade como campo de trabalho, existe uma comunidade menor, mas extremamente fundamental para o Espírito reencarnado, que é a família.

Neio Lúcio, através da psicografia de Chico Xavier, no livro Jesus no Lar, nos revela o diálogo de Pedro e Jesus, na casa do primeiro, onde o Cristo lhe falava dos instrumentos da perfeição, que são nossos parentes mais próximos: “As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do céu em nós mesmos”. (cap. 6)

Na maioria das vezes, direcionamos o foco do nosso trabalho de renovação íntima nas refregas com o corpo social, mas negligenciamos as relações familiares difíceis, como sendo o martelo ou o serrote, que nos ajudarão no aprimoramento íntimo, burilando o egoísmo, a vaidade e o orgulho, possibilitando assim, a construção de virtudes necessárias para uma convivência mais produtiva na coletividade, que necessita de membros que operam com consciência existencial, na edificação da obra do Pai. Não poderemos contribuir, de forma mais efetiva, com a implantação do reino de Deus na Terra, se ele não for edificado primeiro em nós, a partir dos instrumentos da perfeição disponibilizada pelo arquiteto primordial, presentes em nossa família.

Encontramos no mundo uma cruzada de dor, porque não nos preparamos com as tarefas educativas e renovadora do lar, com seus integrantes de difíceis convivência, que promovem em nós o espírito de solidariedade, da disciplina, da renúncia e da compreensão das imperfeições alheias, as quais ainda também existem em nós. O amadurecimento espiritual a partir dos reencontros familiares, oportunizados pelas reencarnações, sob os auspícios da lei de causa e efeito, capacitará a cada indivíduo atuar, de acordo com a lei do trabalho e com a lei do progresso na evolução da humanidade.

Afonso Celso Martins Pereira

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