CARE 56

Editorial

O mês de maio é dedicado às mães: esses seres extraordinários colocados por Deus no mundo para que aprendêssemos a real forma de conjugar o verbo amar.

Nesse sentido, trazemos a mensagem de Maria Dolores, psicografada por Francisco Cândido Xavier, demonstrando a grande lição do perdão incondicional dado por Maria a Judas. Aqui, aprendemos que as mães conjugam ainda um segundo verbo com maestria: o verbo perdoar.

Esperamos que cada mãe possa receber o nosso reconhecimento de tudo o que fizeram, fazem e farão para o crescimento espiritual de seus filhos. Caso você que é mãe (e todos nós, claro!) esteja passando por algum desafio, vale lembrar que, conforme fez com Judas, esse espírito conhecido como Maria, continua a velar por todos nós.

Retrato de Mãe

Depois de muito tempo,

Sobre os quadros sombrios do calvário, 

Judas, cego no além, errava solitário… 

Era triste a paisagem,

O céu era nevoento… 

Cansado de remorso e sofrimento, 

Sentara-se a chorar… 

Nisso, nobre mulher de planos superiores, 

Nimbada de celestes esplendores, 

Que ele não conseguia divisar, 

Chega e afaga a cabeça do infeliz. 

Em seguida, num tom de carinho profundo, 

Quase que, em oração, ela diz: 

– Meu filho, porque choras?

Acaso não sabeis? – Replica o interpelado, 

Claramente agressivo, 

Sou um morto e estou vivo. 

Matei-me e novamente estou de pé, 

Sem consolo, sem lar, sem amor e sem fé… 

Não ouvistes falar em Judas, o traidor? 

Sou eu que aniquilei a vida do Senhor… 

A princípio, julguei

Poder fazê-lo rei, 

Mas apenas lhe impus

Sacrifício, martírio, sangue e cruz. 

E em flagelo e aflição 

Eis que a minha vida agora se reduz… 

Afastai-vos de mim, 

Deixai-me padecer neste inferno sem fim… 

Nada me pergunteis, retirai-vos senhora, 

Nada sabeis da mágoa que me agita,

Nunca penetrareis minha dor infinita… 

O assunto que lastimo é unicamente meu…

No entanto a dama calma respondeu: 

– Meu filho, sei que sofres, sei que lutas,

Sei a dor que causa o remorso que escutas, 

Venho apenas falar-te 

Que Deus é sempre amor em toda parte… 

E acrescentou serena: 

– A bondade de Deus jamais condena: 

Venho por mãe a ti, buscando um filho amado. 

Sofre com paciência a dor e a prova; 

Terás, em breve, uma existência nova… 

Não te sintas sozinho ou desprezado.

Judas interrompeu-a e bradou, rude e pasmo: 

– Mãe? Não venhais aqui com mentira e sarcasmo. 

Depois de me enforcar num galho de figueira, 

Para acordar na dor, 

Sem mais poder fugir à vida verdadeira, 

Fui procurar consolo e força de viver

Ao pé da pobre mãe que forjara o ser! 

Ela me viu chorando e escutou meus lamentos, 

Mas teve medo dos meus sofrimentos.

Expulsou-me a esconjuros, 

Chamou-me monstro, por sinal,

Disse que eu era

Unicamente o espírito do mal;

Intimidou-me a terrível retrocesso, 

Mandando que apressasse o meu regresso

Para a zona infernal, de onde, por certo, eu vinha… 

Ah! Detesto lembrar a horrível mãe que eu tinha… 

Não me faleis de mães, não me faleis de amor, 

Sou apenas um monstro sofredor… 

– Inda assim – disse a dama docemente: 

Por mais que me recuses, não me altero, 

Amo-te, filho meu, amo-te e quero 

Ver-te, de novo, a vida 

Maravilhosamente revestida 

De paz e luz, de fé e elevação… 

Virás comigo à Terra, 

Perderás, pouco a pouco, o ânimo violento, 

Terás o coração 

Nas águas de bendito esquecimento. 

Numa existência de esperança, 

Levar-te-ei comigo 

A remansoso abrigo. 

Dar-te-ei outra mãe! Pensa e descansa!…

E Judas, neste instante. 

Como quem olvidasse a própria dor gigante 

Ou como quem se desgarra de pesadelo atroz, 

Perguntou: – Quem sois vós? 

Que me falais assim, sabendo-me traidor? 

Sois divina mulher, irradiando amor 

Ou anjo celestial de quem pressinto a luz?!…

No entanto, ela a fitá-lo, frente a frente, 

Respondeu simplesmente: 

– Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus”. 

Muita paz!

Boa leitura!

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