CARE 55

Terapêutica desobsessiva

Suely Caldas Schubert, no Capítulo 7 do livro Obsessão/desobsessão: profilaxia e terapêutica espírita, nos diz que a invigilância é a porta para a obsessão. Nem sempre estamos vigilantes e proporcionamos momentos para atuação dos nossos desafetos de experiências pretéritas, através da revolta, do ódio, do medo, da maledicência, desregramentos sexuais, vícios como fumo, álcool e tóxicos, dentre outros. Entretanto, nos é apresentada a terapêutica desobsessiva destacando que a oração, o perdão e o amor são instrumentos fundamentais para restauração da saúde psicoespiritual dos contendores desse processo.

A obsessão é uma relação bilateral e o obsediado de hoje, quase sempre, foi o algoz de ontem, se fazendo necessário, que o equilíbrio e a harmonia entre as partes, sejam restabelecidos, porque é lei do universo que qualquer relação ecológica se estabeleça a partir desses pressupostos. Através de um processo de ressignificação de valores morais, baseado em um código de leis divinas, é que o obsediado poderá repactuar com seu obsessor um relacionamento sincero e amoroso de libertação para ambos.

O obsediado encontra na oração a possibilidade de realizar a terapia com Jesus, colocando suas aflições, suas angústias e seu cansaço diante do mestre em busca de alívio e descanso: “Vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso.[i]” Também através da oração, se conecta com Deus em busca de acolhimento, reconhecendo-se como um filho pródigo que necessita voltar para casa do Pai. Uma vez se sentindo acolhido e em processo terapêutico, tem mais condições de trabalhar o perdão, através da realização de uma reforma íntima. A transformação do Ser é fundamental para o processo do perdão, pois este se constrói através da ressignificação dos valores morais inscritos em sua consciência. Simultaneamente, expande o Cristo interno através do amor, o Ser essencial que se conecta diretamente com o Arquétipo Primordial, Deus.

Entendemos, assim, que qualquer processo obsessivo será extinto a partir da renovação do obsediado, através do autoperdão e do perdão ao seu obsessor, convidando-o a também ressignificar seus valores. Fato que não acorrerá de forma imediata.

O processo desobsessivo é longo e complexo. Entretanto, com o exercício da oração, do perdão e do amor, chega-se à solução, que não está no tempo e nem no espaço, mas na consciência do Ser imortal.


[i] Lucas 11:28.

Afonso Celso Martins Pereira

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