Reflexão de fim de ano
Sócrates, o filósofo grego gostava de caminhar pelas ruas de Atenas, onde existiam muitas “lojas”, tais como em nossos shoppings. Certa feita, foi abordado por um vendedor quanto ao interesse em adquirir algo. Ele, então, respondeu: apenas observo as coisas que existem e que eu não necessito para ser feliz.
Passam-se os séculos e os tormentos e ansiedades se renovam: gastar, comprar, trocar, consumir cada vez mais produtos mais caros ou de marca. Os economistas denominam esse processo de “esteira hedonista” e as consequências disso para a saúde emocional (sem nos referirmos aos problemas econômicos) são evidentes: insatisfação, despeito, brigas, depressão.
Só existe uma solução: a busca de uma vida interior mais rica; o entendimento de que a essência do bem-estar íntimo não está em possuir cada vez mais e sim em enriquecermos de significado as coisas que possuímos.
A miragem de todo homem que busca o sucesso é uma vida luxuosa. Mas, o que é o luxo? O luxo é a posse e ostentação de coisas raras. E o que é raro em nossos dias? Conta bancária, automóvel, casa própria, produtos eletrônicos e viagens para o exterior não são coisas tão raras assim.
Raros, em nossos dias, são o silêncio, o tempo, a saúde, a segurança, a amizade sincera, o afeto de pessoas que nos querem bem, a serenidade interior. E isso não se adquire com mercadoria de troca.
Kardec definiu, no item 922 de O Livro dos Espíritos, que a felicidade possível na Terra consiste no bem-estar íntimo decorrente da satisfação das necessidades materiais, da consciência tranquila e da fé no futuro. E isso não depende, nem um pouco, do culto a bobagens.
Ricardo Baesso de Oliveira
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