CARE 54

Mudanças

Todos os dias são aparentemente iguais. O sol nasce, o dia acontece, o crepúsculo chega, a noite cai e a madrugada dá lugar a nova alvorada.

Tudo igual. A temperatura pode variar, as condições do clima podem se modificar. Mas a fauna e a flora continuam na sua luta pela sobrevivência. O planeta continua com sua rotação e com sua translação. E o calendário nos mostra que mais um ano vai chegando ao seu fim.

Se todos os dias são iguais, em termos de tempo e de espaço, do ponto de vista leigo, por que se sente essa azáfama de final do ano? Por que a sensação de cansaço, de fadiga mental? Se todos os dias são iguais, por que a sensação de que algo está terminando e algo começando?

A resposta está na programação mental e emocional de nós, seres humanos. Somos os únicos seres no planeta que colocam referência no tempo, por sermos justamente racionais. Precisamos dessa referência para funcionarmos. Os demais seres usam “somente” o instinto e sua inteligência fragmentaria.

E a referência do final do ano no calendário impõe-nos a sensação de um final de trabalho, de exercício, de esforço. A mudança de uma contagem de um ano para outro psicologicamente nos faz sentir uma mudança interna, diferente do que sentimos de um dia para outro. O símbolo que se coloca no último mês do ano muda nossa maneira de ver e perceber o cotidiano. Isso contagia. O sentimento coletivo (e aqui é global, mundial) reforça a sensação de mudança, “adeus ano velho”.

E a ideia de recomeço fica forte, novas metas, novos votos, novas disposições. E ter que recomeçar significa que algo foi interrompido de maneira que não queríamos, experiências com resultados diferentes do que gostaríamos.

“A cada momento podes recomeçar uma tarefa edificante que ficou interrompida. Nunca é tarde para fazê-lo; todavia, é muito danoso não lhe dar prosseguimento. Parar uma atividade por motivos superiores às forças é fenômeno natural. Deixá-la ao abandono é falência moral.”[i]

Podemos, sempre, recomeçar.

Pode ser em qualquer época, em qualquer lugar e em qualquer tempo, mas já que tradicionalmente consideramos o fim do ano como época de mudança, que seja agora! Excelente oportunidade de enfrentar nossos conflitos e desafios, apagar nossos ressentimentos e mágoas, expulsar o sentimento de inferioridade, recusar o melindre que nos trava a alegria. Isso é faxina mental. E não custa fazer, também, uma faxina ambiental em nossa casa.

Se necessário, podemos nos reinventar, fazer de outra maneira.

Mudar de estratégia e surpreender a nós mesmos, porque, assim, vamos descobrir que somos mais do que achávamos que fossemos.

Excelente início de ano a todos!

Mudemo-nos, modifiquemo-nos, mas, acima de tudo, lembremos da mensagem divina da Boa Nova na pessoa do Mestre Jesus, afinal, Ele é o nosso modelo e guia.


[i] FRANCO, Divaldo Pereira. Filho de Deus. Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 12.

Fernando Emílio Ferraz Santos

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