A criança que fomos ontem…
Pelos caminhos da internet, deparei com a seguinte frase, que dava título a um artigo: “A criança que você foi, se orgulharia do adulto que você se tornou?” Jamais havia pensado nisso, mas o momento pandêmico que tem provocado tantas reflexões, trouxe nesse momento mais uma ponderação!
Todo Espírito que retorna à matéria e passa pela infância, vivencia nessa época uma fase marcada por curiosidades, alegria, agitação, entusiasmo, esperança… A criança tem uma capacidade extraordinária de ir em busca de seus objetivos e, se por acaso não consegue, não desanima. Chora? Sim. Reclama? Sim. Sapateia? Também. Desiste? Não. Pode até dar uma pausa durante um período, mas logo recomeça outra vez, tentando muitas vezes, até atingir o seu alvo.
Acredito que a capacidade de superação dos obstáculos que a criança possui, não pode ser perdida com o passar dos anos. Será que perdemos??? Será que o adulto que nos tornamos, deixou para trás essa força de super-herói para vencer os desafios da vida? Ouvi certa vez de uma criança em cadeira de rodas, sem movimento das pernas: “Quando crescer vou ser jogador de futebol”! Essa frase não traz em si uma habilidade de conquista, de vitória, de fé no futuro?
Você se lembra que na escola, quando pegávamos um objeto de alguém e chegávamos em casa com ele, nossos pais diziam que precisávamos devolver e morríamos de vergonha disso? Será que ainda hoje morremos de vergonha ao pegar um objeto que não nos pertence?
E as amizades? Aqueles amigos e amigas que apreciávamos ficar junto permaneceram nas amizades atuais? Ou será que hoje nos escondemos atrás de um verniz social?
Aquele sorriso constante de ontem persiste? Ou foi substituído por um olhar carrancudo?
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo VIII, após citar a passagem evangélica onde crianças são levadas até Jesus (Marcos, 10:13-16), Allan Kardec diz: “A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Ela exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. É por isso que Jesus usa a infância como símbolo dessa pureza, como usou antes para símbolo da humildade”. O que fizemos dessa pureza? E dessa simplicidade?
Temos admiração pelo adulto que nos tornamos???
Se a resposta for sim, continuemos nessa direção, pois estaremos no caminho certo, porém, se a resposta for não, podemos redefinir as rotas, ter coragem de inovar e recomeçar quantas vezes forem necessárias, até que a criança de ontem aprove o adulto de hoje!
Verônica Azevedo
Página 9