E depois…
O Setembro Amarelo traz em seu bojo a campanha de prevenção ao suicídio, fenômeno que percorre a história e é cada vez mais presente em nossos dias.
Quando nos deparamos com a passagem ao ato suicida, principalmente de entes queridos, buscamos, ainda enebriados pela dor e pelo desespero, uma explicação plausível que possa dar sentido a tal ato.
Através de estudos de diversas áreas da ciência, observa-se que o suicídio constitui uma condição de multicausalidade.
O luto é uma experiência existencial vivida de forma singular, intensificada quando tem como causa o suicídio. A pergunta que se faz é: e depois…?
Administrar uma relação de afeto que foi bruscamente rompida de forma intempestiva é um grande desafio, principalmente para aqueles que ainda não têm conhecimento sobre a vida futura ou, se têm, se sentem impotentes para socorrer aqueles que sucumbiram ao autoextermínio.
O Espiritismo nos esclarece que toda ação traz intrínsecas as consequências relativas ao ato. O suicídio não é exceção. O suicida se responsabiliza por elas, uma vez que a vida não cessa.
Entretanto, para aqueles que permanecem reencarnados—parentes, amigos e até mesmo desconhecidos—suas ações em prol dos suicidas ainda permanecem com grande potencial de socorro, como nos ensinam os Espíritos benfeitores na obra psicografada por Yvonne do Amaral Pereira: “De qualquer forma, porém, a prece, como vistes, externada com amor e veemência em favor de um suicida, é o sacrossanto veículo que carreia, em qualquer tempo, inestimáveis consolações, mercês celestes para aquele desafortunado, porquanto é um dos valiosos elementos de socorro estatuídos pela citada lei em favor dos que sofrem…”[1]
Diante dessa preciosa possibilidade de socorro, não percamos tempo e energia buscando causas para explicar o autoextermínio de um ente querido. Essa possível explicação não altera o fato consumado. Mas podemos colaborar, e muito, para o seu alívio e recuperação, através da prece.
Continuam os benfeitores: “A prece, ao contrário, torna-se ato de tão louvável e prestimosa repercussão, que aquele que ora por um de vós faz-se voluntário colaborador dos obreiros da Legião de Maria, coadjuvando seus esforços e sacrifícios na obra de alívio e reeducação a que se devotaram.”
Em face do exposto, além do engajamento no Setembro Amarelo como prevenção ao suicídio, possamos nos engajar, através da prece, como colaboradores no socorro aos suicidas, dedicando a eles mercês de amor e saudades.
Referência:
[1] Memórias de um Suicida. Yvonne A. Pereira/Camilo Cândido Botelho. FEB, 27ª ed., p. 205.
Afonso Celso Martins Pereira
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