O sentido da vida
A filosofia se debruça sobre a busca da compreensão do sentido da vida, desde a antiguidade até a era moderna. Entendê-lo possibilita ao ser humano agir de acordo com os propósitos que elege para alcançar o seu objetivo existencial, no entanto, as bases teóricas, as quais fundamenta o seu pensamento, podem levá-lo a um sistema que obscurece ou clareia o real sentido da vida.
A concepção da vida futura ou não, estabelece um referencial teórico de extrema importância para a compreensão do sentido da vida. Se essa compreensão se baseia na teoria materialista, que nega a vida depois da morte do corpo físico, toda conquista humana se torna efêmera e se encerra no túmulo. Tal visão se apresenta como uma possibilidade hedonista, a busca do prazer pelo prazer, a fim de atender as necessidades sensoriais, que demandam o gozo constante e permanente, o que demonstra uma visão reducionista do sentido da vida.
O ser humano que esposa a concepção de vida futura, como nos ensina Jesus e nos esclarece Allan Kardec 1, amplia o horizonte do entendimento e busca não mais os prazeres momentâneos como a razão do sentido da vida, mas transcende suas expectativas do plano físico para o plano espiritual, onde o continuum se desdobra em consequência diretamente proporcional às suas escolhas terrenas.
Léon Denis nos ensina que “A negação da vida futura também suprime toda sanção moral. Assim, todo ato bom ou mau, criminoso ou sublime, termina com os mesmos resultados.”2 O Espírito imortal reencarnante vivenciou experiências diversas para seguir a senda evolutiva, se afastando do primarismo, guiado pelos instintos de sobrevivência e de satisfação das suas necessidades primeiras, para um estágio de aprimoramento moral. Para que possa continuar sua ascensão, precisa utilizar de sistema que o possibilite alcançar novos patamares morais, entendendo que o sentido da vida não se resume às conquistas simplesmente materialistas, mas sim uma transposição contínua de estágios morais, para que abarque a real concepção da vida, que se estabelece em diversos planos existenciais regulados pelas leis soberanas do Universo de acordo com a proposta do amor Divino.
Logo precisamos refletir: qual o sentido que estamos dando a nossa vida? Permanecemos presos às necessidades materialistas, que nos prendem à samsara, a roda das existências, neste planeta de provas e expiações ou estamos progredindo moralmente para a vida futura universal?
- Allan Kardec. Cap II, Meu Reino não é deste mundo, O Evangelho Segundo o Espiritismo.
- Léon Denis. Cap II, Os problemas da Existência. O porquê da vida.
Afonso Celso Martins Pereira
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