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A morte

O fenômeno da morte é um tema que perpassa a história da humanidade, sendo preocupação cotidiana das religiões, das diversas áreas da ciência e da filosofia. Cada segmento aborda o referido fenômeno de acordo com o método de observação que lhe permite a sua melhor compreensão, de acordo com seus objetivos.

Para nós, espíritas, compreendemos a morte como um fenômeno natural, ou seja, intrínseco às leis da natureza e, por isso, com uma razão de existir, uma vez que faz parte de um contexto universal criado e dirigido por uma inteligência suprema, Deus.

Segundo Leon Denis, “Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da Terra, que vai reunir-se à vida invisível do Espaço. Depois de certo tempo de perturbação, tornamos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre. A tumba apenas encerra pó. Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.” [1]

Entender o fenômeno da morte como um renascimento, implica renascer em outro plano, que comporta as especificidades de vida sem o corpo físico, justamente por se tratar de uma outra dimensão. Entretanto, não é uma nova vida, mas um continuum onde a consciência se preserva, porque não perde a sua individualidade. Quando Léon Denis afirma que é um renascimento, nos recorda que o Espírito desencarnado já esteve, por muitas vezes, nessa dimensão e, portanto, ao retornar a ela, por meio do fenômeno da morte, renasce no plano espiritual, quantas vezes forem necessárias.

Assim está grafado na lápide do codificador Allan Kardec: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, esta é a lei.”

Diante desse entendimento sobre a morte, o medo tende a diminuir ou desaparecer, com a certeza de que não existe a finitude da vida com a extinção do corpo físico, pois nada está perdido. Os vínculos entre os entes queridos permanecem, apenas se efetivam mudanças e transformações em diversos aspectos da jornada evolutiva do Espírito.

Precisamos ter olhos de ver, enxergar a perfeição do Criador na metamorfose da morte do corpo físico, que liberta o Espírito do seu envoltório carnal, assim como contemplamos a beleza do nascimento de uma borboleta que se liberta de seu casulo e explora suas potências e possibilidades diante do Universo.

[1] O problema do ser, do destino e da dor, Léon Denis, Cap X, A Morte, p. 120.

Afonso Celso Martins Pereira

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