Nossa responsabilidade
O Espírito encarnado se depara com inúmeros desafios em seu percurso neste orbe. Portanto, se faz necessário saber como distinguir a sua responsabilidade perante esses desafios e o que realmente lhe compete assumir como tal.
Vivemos em sociedade porque precisamos nos relacionar com os outros em busca do aperfeiçoamento, tão necessário para progredirmos na escala evolutiva. Entretanto, por diversas vezes, as dúvidas nos assaltam diante do problema e responsabilidade que é do outro e desviamos nossas ações para controlar e direcionar tais situações, levando-nos, recorrentemente, ao esquecimento da nossa missão. Segundo os amigos espirituais, Deus “a cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-lo de si.” (1)
No livro Jesus no Lar, ditado pelo Espírito Neio Lúcio e psicografado por Francisco Cândido Xavier, no capítulo 36, “O Problema Difícil”, é narrada uma história que foi contada por Jesus, onde um grande sábio possuía três filhos jovens. A fim de instruí-los, esse pai deu a cada um dos filhos determinada missão e logo partiram todos juntos a fim de cumpri-las. Durante o percurso, cada um passou a controlar a tarefa do outro, deixando de se dedicar à que recebeu como responsabilidade individual. Como desfecho, nenhum dos filhos conseguiu cumprir a sua missão. Ao regressarem à presença do pai, receberam o seguinte conselho: “Aproveitem o ensinamento da estrada. Se cada um de vocês estivesse vigilante na própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso. O mais intricado problema do mundo, meus filhos, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas atividades alheias. Enquanto cogitamos de responsabilidades que competem aos outros, as nossas viverão esquecidas”.
A responsabilidade individual não pode ser transferida. A cada um é necessário o amadurecimento espiritual, intrínseco a cada criatura, a cada filho de Deus. Jesus nos ensinou: “Vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados e eu vos darei descanso”.(2) Sua promessa é de auxílio e não de executar a tarefa de quem o procura. Os desafios durante a jornada, com certeza, terão o auxílio dos bons Espíritos encarnados e desencarnados, mas eles não poderão fazer a tarefa que compete a cada um.
1 – Livro dos Espíritos, questão 115.
2- Mateus, 11:28. O Novo Testamento, FEB, Tradução de Haroldo Dutra Dias.
Afonso Celso Martins Pereira
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