Vencedor
Jesus em mais uma narrativa apresentada por Neio Lúcio, no capítulo 24: “Os Sinais da Renovação”, no livro Jesus no Lar, psicografado por Chico Xavier, destaca, sob o ponto de vista da vida imortal do Espírito, que: “O vencedor não será aquele que guerrear o inimigo exterior até a morte em rios de sangue, mas o que combater a iniquidade e a ignorância, dentro de si, até a extinção do mal, nos círculos da própria natureza”.
O Mestre Nazareno nos faz um convite-convocação para a transformação íntima.
Quando o ser humano se volta para o exterior, buscando no outro a justificativa de sua incapacidade de lidar com as dificuldades existenciais, o ego lança mão de um mecanismo de fuga: a projeção. “Há uma natural e mórbida tendência no ser humano de ignorar certas deficiências pessoais para projetá-las nos outros”.[i]
Combater o inimigo externo não é um processo de autoconhecimento. Pelo contrário, é negligenciar os sinais e sintomas que demonstram uma necessidade de reflexão, análise e mudança de conduta no campo íntimo.
Os eventos privados se manifestam a partir dos estímulos externos para que sejam reconhecidos, acolhidos e ressignificados.
Ressignificar será uma possibilidade de entender determinada situação, atitude e sentimento a partir de uma nova concepção. O convite-convocação de Jesus possibilita o ser humano a se redefinir a partir da concepção da imortalidade do Espírito, da vivência do Evangelho, combatendo em si, herdeiro de suas ações, a iniquidade e a ignorância.
Renunciando
a culpa atribuída ao outro e assumindo a responsabilidade por seus sentimentos
e atitudes, o ser humano viabiliza um mergulho para o seu interior, indo ao
encontro das mágoas, dos ressentimentos e dos complexos egoicos, cultivados por
longos períodos, imersos na sombra. Esta oculta os sentimentos, que ainda não
foram reconhecidos como produto das experiências vividas. Quando são
reconhecidos como produto do primarismo psíquico-espiritual, que ainda existe
no ser humano, e são acolhidos com amor, passam a ter uma relação menos
conflituosa com a consciência, sendo reconhecido pelo ego como algo
complementar à convivência equilibrada com a realidade e com o outro.
Construir um mundo
íntimo equilibrado a partir da emersão do si, é a proposta evolutiva do
Espírito que encarna em um corpo físico, que jornadeia em orbe de provas e
expiações, para que possa contribuir com a obra do Pai, como vencedor renovado
pelo amor.
[i] O Ser Consciente. Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, série psicológica, volume 5, p.114.
Afonso Celso Martins Pereira
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