CARE 47

A raiva segundo Joanna de Ângelis

O livro Conflitos Existenciais, de Joanna de Ângelis, é uma extraordinária ferramenta de suporte à iluminação dos obscuros meandros dos nossos sentimentos e emoções. Em cada capítulo, a autora descreve sentimentos, emoções e alguns desafios humanos, mostrando sua gênese e apresentando soluções que, se incorporadas ao nosso modo de viver, podem nos levar ao equilíbrio. É um livro que vale a pena ser lido e estudado.

No terceiro capítulo, dedicado exclusivamente à raiva, a nobre mentora nos diz que a raiva “se exterioriza toda vez que o ego se sente ferido, liberando essa abominável adversária que destrói a paz no indivíduo”. Todos nós já sentimos na pele o que é sermos envolvidos pela raiva, bem como suas consequências quando acabamos falando o que não precisava, ferimos a quem amamos.

A Benfeitora nos diz que a raiva possui tanto causas anteriores à atual encarnação, onde o sentimento de culpa é o cerne da questão, quanto causas atuais, destacando-se questões de nossa infância como pais que exigiam silêncio, respeito, não permitindo as discussões para os esclarecimentos; pais descuidados que não se interessavam pelos problemas da prole; bem como questões ainda mais atuais como timidez, onde o indivíduo se refugia na raiva, sem expressá-la ou até mesmo a falta de conhecimento das próprias debilidades emocionais.

Assim, a raiva merece contínua vigilância, a fim de que não se transforme em uma segunda natureza na conduta do indivíduo. Precisamos estar atentos para que não nos tornemos pessoas irascíveis, onde qualquer pequena contrariedade, como uma divergência de ideia, por exemplo, pode ser fonte de rompantes de raiva de funestas consequências.

Dessa forma, o autodescobrimento é fator preponderante em qualquer processo terapêutico-psicológico.

Nos aconselha, Joanna, que como terapia preventiva, devemos procurar manter o equilíbrio possível diante de qualquer acontecimento novo, inesperado, procurando entendê-lo antes que permanecermos na defensiva, como se as demais pessoas se nos estivessem agredindo, fossem-nos adversárias e todo o mundo se nos opusesse. E continua… Sempre que invadido pelo desequilíbrio dessa natureza, o paciente reserve-se a coragem de adiar decisões, de responder para esclarecer, de discutir em nome da autodefesa, porquanto, invariavelmente, o ego ferido precipita-o em postura inadequada de que se arrependerá de imediato ou mais tarde.

Antes mesmo de apresentar a terapêutica, a Benfeitora nos alerta que se a raiva se tornar contínua, como resultado de estresse e de ansiedade, de insegurança e de medo mórbido, faz-se indispensável uma terapia psicológica.

Por fim, como recursos terapêuticos são apresentados: a terapia da prece e da meditação como salutar recurso para o controle das emoções; as boas leituras por enriquecerem a mente com ideias otimistas, substituindo muitos dos clichês psíquicos viciosos; a bioenergia ou passe em face dos recursos que se podem haurir e o autocontrole que cada qual deve manter em relação às suas reações emocionais de qualquer natureza, disciplinando a vontade, educando os sentimentos e adaptando-se a novos hábitos saudáveis, imprescindíveis a uma existência rica de saúde.

Assim fazendo poderemos domar essa emoção e canalizá-la de forma que os resultados obtidos possam ser muito mais positivos.

Fraterno abraço!

Paulo Henrique de Assis

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