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Como entender o “amor a nós mesmos”, segundo a fórmula do Evangelho?

Esta pergunta está no livro O Consolador [1], em sua questão 351, em sua terceira parte – Religião, subtítulo Fraternidade. Referido livro, como todos os demais do conhecido autor espiritual, é de grande conteúdo, está um pouco esquecido e precisamos novamente debruçar-nos sobre tão preciosa obra. Dividida em três partes, a obra traz o tripé do edifício doutrinário do Espiritismo, com análises da Ciência, Filosofia e Religião.

Perguntas e respostas são ótimas. Selecionei aqui a já citada 351, de cuja resposta, que é bem compacta, destaco alguns trechos importantes e muito didáticos, sempre partindo da indagação principal, óbvio, que intitula a presente abordagem: (negritos são nossos)

a) “deve ser interpretado como a necessidade de oração e de vigilância” – Temos pensado nessa interpretação? Consideramos que a prece e a autovigilância nos propiciam equilíbrio e, portanto, amor a nós mesmos nas diversas circunstâncias?

b) “Para nós outros, a egolatria já teve o seu fim, porque o nosso problema é de iluminação íntima, na marcha para Deus.” – Notemos o alcance dessa afirmação de um espírito que já compreendeu as ilusões das vaidades e do ego que se sobressai. Sugiro mesmo que a expressiva frase seja lida novamente.

c) “deve traduzir-se em esforço próprio, em autoeducação, em observação do dever, em obediência às leis de realização e de trabalho, em perseverança na fé, em desejo sincero de aprender com o único Mestre, que é Jesus Cristo.” – Olha que orientação precisa, que receita preciosa de amor a nós mesmos. Temos observado?

d) “Quem se ilumina, cumpre a missão da luz sobre a Terra.” – Lógica natural da própria dinâmica da vida. Trazemos conosco grave compromisso de autoiluminação.

e) “todo bem conseguido por nós, em proveito do próximo, não é senão o bem de nossa própria alma” – Há intensa necessidade de absorvermos esse raciocínio em nossa intimidade, para tê-lo conosco como meta de vida.

Notem que os cinco itens, extraídos da resposta de Emmanuel à importante pergunta, podem embasar abordagens e debates em nossas instituições – estimulando-nos o crescimento pessoal –, mas igualmente, claro, constituem verdadeiro roteiro para amar a nós mesmos.

Vale lembrar, embora claramente perceptível, que pergunta e resposta foram inspiradas na célebre anotação de Marcos 12:31 [2]: “(…) O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (…)”.

Libertar-se de ilusões e expectativas, os esforços pelo progresso próprio e o empenho pelo bem geral à nossa volta serão, com as poderosas ferramentas da oração e da vigilância, o programa para amar a si mesmo. Que maravilha!

Reflitamos mais sobre esses pontos que Emmanuel nos apresenta.

Referências bibliográficas:

[1] XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, questão 351.

[2] Marcos 12:31.

Orson Peter Carrara
Fonte: https://orsonpetercarrara.blogspot.com
(autorizado pelo autor)

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