CARE 78

Vivemos ou convivemos?

Nosso querido Divaldo Pereira Franco relata, no livro Vivências do amor em família, uma situação presenciada por ele, demonstrando que o uso excessivo de aparelhos eletrônicos está afastando a convivência no núcleo familiar. Eis o relato sintetizado (para ler na íntegra, recomendamos a leitura do capítulo 6 do livro citado):

“Certa vez, eu fui jantar na residência de uma família muito querida, com quem eu havia estabelecido laços de amizade há mais de 40 anos; portanto, seria um momento muito agradável de conversa entre amigos. Mas logo constatei que os tempos atuais são muito diferentes de há 40 anos…

Na sala de refeições, a televisão estava ligada desde o início do jantar. Começamos a nos servir em um silêncio estranho, somente interrompido pelo som do aparelho. Esperei que alguém iniciasse a conversa, mas ninguém se candidatou a estimular a integração dos participantes.

Em determinado momento do jantar, todos os integrantes da família estavam usando celular ou tablet. Diante do silêncio que se fez natural, eu tentei conversar com os meus anfitriões, mas não obtive sucesso. Eu achei aquilo tão mal-educado que me estarreceu!

Então resolvi dar um ultimato, com muita ternura:

— Creio que não foi uma boa ideia atender ao convite que vocês me fizeram, pois eu não estou usando aparelho celular, como fazem todos aqui; então posso concluir que não pertenço a este mundo digital e artificial escolhido por vocês. Sendo assim, será melhor que eu me retire para deixá-los à vontade; afinal, se for apenas para me alimentar, eu posso fazer isso no hotel em que estou hospedado.

— Ah, Divaldo! Desculpe-nos! É que nós estamos tão acostumados com a tecnologia que isso já é comum em nossa família…

— Por isso eu insisto que será melhor que eu me retire para não incomodá-los…

Eles me pediram muitas desculpas e passamos a conversar um pouco, mas minutos depois a dona da casa começou a discutir com o marido, causando-me um grande constrangimento…

O uso excessivo de aparelhos eletrônicos e da comunicação virtual está fazendo com que as pessoas se esqueçam de conviver. Perdemos a arte e a ciência da boa conversa e não sabemos agir, mas apenas reagir. As famílias gritam mais do que conversam, as emoções permanecem desequilibradas nessa forma doentia de interação coletiva.

Se o laço de ternura e confiança for constantemente renovado na família, os resultados serão admiráveis! Porém, se houver distâncias injustificáveis entre pais e filhos, é compreensível que a rebeldia e as mágoas se façam presentes no comportamento dos filhos.” Só nos resta refletir sobre as palavras do nosso querido Divaldo…

Verônica Azevedo

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