O que podemos aprender com as crianças
Allan Kardec nos esclarece sobre A Geração Nova, que habitará o planeta. No livro A Gênese, capítulo 18, item 28 ele afirma que: “(…) a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.” [1]

O caminho certo para que a sociedade avance na direção do amor e da verdadeira natureza humana solicita que cada indivíduo mude as suas atitudes e enxergue a vida de uma forma mais ampla, mais consciente, mais arraigada aos valores morais. Citaremos aqui o que podemos aprender com as crianças para melhorar o nosso próprio comportamento, para com elas, para com outros adultos e, talvez mais especialmente, para que possamos ser mais felizes em nossas próprias vidas.
Perdoar – As crianças são melhores em perdão do que qualquer adulto e o fazem rapidamente e sem reservas. Se num minuto alguém grita com elas, em dois minutos podem rir com quem lhes ofendeu, em renovada simpatia. Seu perdão é tão mais belo porque é incondicional. Se esse amor e essa capacidade de perdão conseguirem penetrar os nossos corações, nós mudaremos a Terra.
Aceitar as diferenças – Crianças não se importam com quem tem ou não dinheiro, com a cor da pele, a idade, o peso. Elas simplesmente aceitam as pessoas como elas são, da forma mais simples como deve ser! Lembro de uma reportagem de um menino de 4 anos, americano, que pediu à mãe para cortar seu cabelo igual ao do seu melhor amigo. E quando ele chegasse na escola, a professora não saberia quem era um e quem era outro. Detalhe: ele é branco e seu amigo, negro. Quem dera todos fôssemos pacientes e tolerantes com as diferenças…
Persistir – Quem convive com crianças já deve ter percebido como os pequenos têm certa dificuldade em desistir. Alguns chamam de teimosia, mas acredito que seja persistência. Seja para passar de fase em um jogo ou aprender a andar de bicicleta, as crianças não têm vergonha de tentar até conseguir. Uma lição para os adultos que sempre desistem no primeiro obstáculo.
Compartilhar – É muito comum vermos em parquinhos e salas de aula crianças dividindo seus brinquedos. Esse, definitivamente, é um dos melhores ensinamentos propostos por elas. Mas os adultos tendem a ser egoístas…
Simplicidade – Essa é uma lição que as crianças exercem muito bem. Criativas e dispostas a aprender algo novo todos os dias, elas têm o poder de ser felizes com o que têm ao seu alcance. Com isso, desfrutam de momentos genuinamente alegres! Observe uma mãe ou um pai levando uma criança a pé para a escola. Enquanto os adultos correm querendo chegar, seus filhos brincam de pisar só nas pedras brancas, só nas pedras pretas, de andar em cima da linha ou de chutar pedrinha. Perguntam a todo instante o que é isso e por que aquilo. Obcecados ou viciados em chegar, os adultos se esquecem de que a vida é feita de coisas simples.
Respeitar o meio ambiente – Ao redor do mundo, centenas de jovens são símbolos de pautas sustentáveis e da luta contra a crise climática. Em Fortaleza, um jovem de 12 anos é um dos instrutores no Ecomuseu do Mangue. Desde os 6 anos, ministra palestras na sede da organização sobre um acervo de quase 200 peças, com arcadas de tubarões, ossadas de baleias e crustáceos.
Ter empatia – As crianças nos surpreendem ao deixar de lado seu mundo para oferecer ajuda sempre que podem. Nós, adultos, muitas vezes não percebemos quando outras pessoas precisam de ajuda. Um menino de 9 anos não conseguiu segurar o xixi e molhou a roupa. A professora percebeu seu nervosismo e caminha na direção dele, desconfiada. Mas uma menina, que também percebeu a situação, veio na direção dele trazendo um copo de água que havia ido buscar para a professora. Aparentemente descuidada, ela tropeçou na professora e despejou a água no colo do menino. Roupa seca foi providenciada. No término da aula, o menino perguntou à amiga: “Você fez aquilo de propósito, não foi?” e ela respondeu sorrindo: “Sim, eu também fiz xixi na roupa uma vez.”
Humildade – A criança humilde tem menos problemas nas suas relações sociais, porque está disposta a ouvir, aprender e melhorar. Ser humilde é reconhecer as limitações de si mesmo, os erros e as fraquezas. Jesus afirmou: “Aquele que se tornar humilde, como esta criança, será o maior no reino dos céus.” (Mateus 18:4) [2]

É para pensar… Nós estamos ensinando ou aprendendo com as crianças? Que possamos absorver os exemplos desta nova geração para contribuirmos com o progresso da humanidade, vivendo de forma mais leve, espontânea e autêntica.
Referências bibliográficas:
[1] A Gênese, Capítulo XVIII, Item 28.
[2] Evangelho de Mateus, Capítulo 18, Versículo 4.
Verônica Azevedo
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