Ubuntu
Narra uma história africana, que um antropólogo quis estudar os costumes das pessoas de uma determinada aldeia daquele continente. Como vivia rodeado pelas crianças, ele propôs uma brincadeira: encheu uma cesta de doces, enfeitou com fitas coloridas e a deixou debaixo de uma árvore. Reuniu as crianças e falou:
– Vou traçar uma linha aqui no chão e vocês ficarão sobre ela. Quando eu disser “já”, vocês podem correr até aquela árvore. Quem chegar primeiro, ganha a cesta de doces.
O homem deu o sinal, e as crianças correram em direção a árvore todas de mãos dadas! Ao chegarem à cesta, sentaram-se à sombra e repartiram os doces entre si. Surpreso, sem entender o que tinha acontecido, o antropólogo perguntou às crianças:
– Por que vocês correram juntas? Se tivessem feito como eu propus, um só de vocês ganharia todos os doces. Rapidamente, uma das crianças respondeu:
— Ubuntu, tio! Como um de nós poderia ficar feliz enquanto os outros estivessem tristes?
O antropólogo desconcertado entendeu um dos significados de “ubuntu”, que é: com cooperação se alcança a felicidade.
A palavra ubuntu é de origem africana e tem como significado a humanidade para todos. Que filosofia admirável! Completamente em ressonância com o amor ao próximo, ensinado e exemplificado por Jesus. Aquelas crianças demonstraram que ninguém pode ser feliz vendo um irmão seu na infelicidade.
Será que na qualidade de pais estamos ensinando às nossas crianças a filosofia ubuntu? Ou incentivamos nossos filhos a desejarem tudo somente para si? Mostramos aos pequenos que não devemos nos importar com o outro? Ou utilizamos a ação de partilhar na convivência diária? Somos aqueles pais que interferimos, até mesmo numa brincadeira infantil, para que o nosso rebento seja vitorioso? Ou ensinamos que podemos encontrar alegria na vida, repartindo com o próximo o que temos? Pensemos nisso, pois ansiamos por um mundo melhor e mais justo, porém temos vivenciado e ensinado aos nossos filhos a assim procederem? Ou temos perpetuado a existência do egoísmo? Lembremos da recomendação do Espírito Emmanuel no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item11: “O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta.”
E podemos contribuir com o desaparecimento do egoísmo, quando somos exemplo de solidariedade e de empatia para nossas crianças no nosso dia a dia. Todos somos filhos do mesmo Pai e devemos nos amar como irmãos, demonstrando assim o nosso amor a Deus.
Sigamos o exemplo das crianças africanas!
Ubuntu para todos nós!
Verônica Azevedo
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