CARE 76

Comentando Kardec

O Livro dos Médiuns

Segunda parte, Capítulo XXIII, item 240

240: “A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo.

A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é um tipo de fascinação. No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. Traduz-se, no médium escrevente, por uma necessidade incessante de escrever, ainda nos momentos menos oportunos. Vimos alguns que, à falta de pena ou lápis, simulavam escrever com o dedo, onde quer que se encontrassem, mesmo nas ruas, sobre portas e muros.

Vai, às vezes, mais longe a subjugação corporal; pode levar aos mais ridículos atos. Conhecemos um homem, que não era jovem, nem belo e que, sob o império de uma obsessão dessa natureza, se via constrangido, por uma força irresistível, a pôr-se de joelhos diante de uma moça a cujo respeito nenhuma pretensão nutria e pedi-la em casamento. Outras vezes, sentia nas costas uma pressão enérgica, que o forçava, não obstante a resistência que lhe opunha, a se ajoelhar e beijar o chão nos lugares públicos e em presença da multidão. Esse homem passava por louco entre as pessoas de suas relações; estamos, porém, convencidos de que absolutamente não o era, porquanto tinha consciência plena do ridículo do que fazia contra a sua vontade e com isso sofria horrivelmente.” [1]

O que ocasiona a obsessão? Faltas morais do enfermo e ação de entidades desencarnadas cobradoras. Normalmente, o gatilho está em uma existência anterior ou, às vezes, em prejuízos que causamos nessa etapa reencarnatória.

Como acontece a terapia desobsessiva? Trata-se de um trabalho mediúnico feito numa Casa Espírita, visando conquistar o agente infeliz com bondade e respeito. Evangelizar o doente, contribuir com sua transformação moral, estimulá-lo ao hábito da oração e da leitura edificante. Trabalhar no bem, tomar passes e água fluidificada.

No livro Senhor Peregrino [2], de Altiva Noronha, que narra passagens da vida de Divaldo P. Franco, há um capítulo que conta a chegada de um pai, com a filha presa numa camisa de força e dois enfermeiros, na Casa do Caminho. O senhor entrou na sala onde o expositor estava fazendo atendimento fraterno. Já passava da meia-noite e queria prioridade para a filha. Teve que esperar; o médium pediu para que desamarrassem a jovem; o pai protestou, mas atendeu, porque ela só seria atendida se estivesse livre. O obsessor havia sido afilhado do pai da menina, que foi entregue ao padrinho com o falecimento da mãe. Este o criou como um empregado que tinha que fazer tudo sem férias e sem remuneração e, quando pediu para ir embora e receber o que lhe era devido, foi escorraçado. O moço desencarna e volta para cobrar o devedor. Encontrou sintonia com a jovem e passou a subjugá-la. Com a ajuda do médium Divaldo, a obsessão foi desfeita e, depois de vários anos, o afilhado vai voltar à convivência com o padrinho, agora no papel de primogênito da filha muito amada.

O avô era apaixonado pelo pequeno e, com menos de dez anos, o netinho já possuía uma poupança bem avantajada. O devedor devolveu ao pequeno, multiplicado, tudo o que havia ficado devendo ao afilhado.

“Acima de tudo, cultivai, com todo o ardor, o amor mútuo, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” [3]

Referências bibliográficas:

[1] O Livro dos Médiuns, Segunda Parte, Capítulo XXIII, questão 240.

[2] NORONHA, Altiva. Senhor Peregrino.

[3] I Pedro 4:8.

Ângela M. Camargo

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