Comentando Kardec
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Cap. 13, item 19
19 – Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?
“Nesses há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem apenas para receber demonstrações de reconhecimento é não o fazer com desinteresse, e o bem feito desinteressadamente é o único agradável a Deus. Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento. Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu. Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se, com a sua gratidão, o beneficiado vo-lo houvesse pago. Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.
Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele.” [1]

A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela Samaria e Galileia. E, ao entrar em certa aldeia, dez leprosos levantaram a voz, dizendo: “Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!” Ao vê-los, disse-lhes: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes.” E um deles, vendo que estava curado, retornou para render-lhe graças; ele era samaritano. “Não foram purificados dez? Onde estão os nove?” [2]
O ingrato é aquele que esquece de ser agradecido por uma bênção recebida.
Façamos o bem sem esperar recompensas, façamos por hábito, porque nos torna alguém melhor.
Nada se perde. Tudo é aprendizado e renovação; toda atitude boa contará a nosso favor.
Reconciliemo-nos com a nossa consciência e com os outros ao nosso redor.
O bem que me faz bem não é o bem que me fazem; o bem que me faz bem é o bem que eu faço. O mal que me faz mal não é o mal que me fazem; é o mal que eu faço, pois me torna um ser mal, ensina a mentora Joanna de Ângelis.
“O silêncio aplicado na provocação do irresponsável é como algodão de tranquilidade posto na ferida dolorosa… A vida ensina que sempre ganha aquele que cede, que serve, que perde, por mais estranho que esse comportamento pareça ao utilitarismo imediatista.” [3]

“É inteligente ser bom”, ensinava-nos o saudoso Hermínio Miranda.
Referências bibliográficas:
[1] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XIII, Item 19. Guia protetor. (Sens, 1862.)
[2] Lucas 17:11-19
[3] Fala de Bezerra de Menezes, no livro “Nas Fronteiras da Loucura”, Manoel Philomeno de Miranda, por Divaldo P. Franco
Ângela M. Camargo
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