CARE 69

Comentando Kardec

O Livro dos Espíritos
Das Esperanças e Consolações
Capítulo II: Das Penas e Gozos Futuros
Natureza das Penas e Gozos Futuros

67. Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?

“Em conhecerem todas as coisas; em não sentirem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Contudo, a felicidade dos Espíritos é proporcional à elevação de cada um. Somente os puros Espíritos gozam, é exato, da felicidade suprema, mas nem todos os outros são infelizes. Entre os maus e os perfeitos, há uma infinidade de graus em que os gozos são relativos ao estado moral. Os que já estão bastante adiantados compreendem a ventura dos que os precederam e aspiram a alcançá-la. Mas essa aspiração lhes constitui uma causa de incentivo, não de ciúme. Sabem que deles depende consegui-la e, para a conseguirem, trabalham, porém, com a calma da consciência tranquila, e ditosos se consideram por não terem que sofrer o que sofrem os maus.”

Devemos a Allan Kardec o esclarecimento sobre a escala espírita, que nos ensina que há espíritos de vários graus de adiantamento. Os imperfeitos, caracterizados pela propensão para o mal, são da terceira ordem. Os da segunda ordem têm desejo do bem; são os bons espíritos. Os da primeira ordem são os espíritos puros, que atingiram o grau máximo de perfeição. É claro que existem várias gradações entre eles.

Essa questão aborda os bons espíritos, que já venceram o orgulho e o egoísmo e que são felizes; porém, ainda há degraus a serem vencidos.

Emmanuel, no livro Renúncia [1], vai nos apresentar Alcione, um espírito bom que reside na Constelação de Sirius, que é mais adiantada que o planeta Terra e que não precisa mais renascer entre nós. Porém, por amor a Pólux, seu bem-amado, que irá reencarnar para expiar faltas, ela decide segui-lo, para ajudá-lo a vencer as más tendências e para estar ao lado dele, mesmo sabendo das dificuldades que irá enfrentar, incluindo a possibilidade de falir.

É uma história lindíssima e demonstra as qualidades de um espírito muito evoluído, que irá passar por diversas provações, mas sempre escolherá a melhor parte, fortalecendo-se no amor do Cristo. Ela terá o apoio de uma mãe dedicada. Conhecerá o padre Damiano, vigário da igreja de São Vicente, em Ávila, que é uma das reencarnações de Emmanuel. Reencontrará seu amado, mas terá que renunciar a ele mais de uma vez.

Ela, como um espírito do bem, irá semear amor por onde passe e terá sempre confiança e aceitação das vontades divinas. Está pronta para ajudar e perdoar as atitudes alheias, mas em momento algum compactua com o mal. Que possamos aprender a amar mais e servir incondicionalmente, como Alcione nos ensina, nessa obra literária que todos devemos ler e estudar.

[1] Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Ângela M. Camargo

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