CARE 67

Comentando Kardec

O Livro dos Espíritos
Capítulo XII
Da perfeição moral
As virtudes e os vícios

895. Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o sinal mais característico da imperfeição? 

“O interesse pessoal. Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre, a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, nem sempre suportam certas provas e às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se patenteia todos o admiram como se fora um fenômeno.

“O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”

Como vemos o interesse pessoal é nosso calcanhar de Aquiles¹, nosso ponto fraco. Ainda somos muito apegados à matéria, às posses.

Esquecemos que nada nos pertence, tudo é empréstimo divino que teremos de devolver.

Precisamos treinar o desapego das coisas, das pessoas, dos bens materiais, caso queiramos retornar ao plano espiritual sem algemas.

Lembremos o caso de Zulmira, na obra “Entre a Terra e o Céu”², que desencarnara e o marido contraiu segundas núpcias. Ela obsidiou a rival porque ainda se sentia dona do esposo e do lar.

Quando tomamos decisões levadas pelo interesse pessoal, repetimos erros e revelamos a pior parte para nós.

Quando somos movidos pela caridade, pensamos primeiro no outro e queremos ajudá-lo, socorrê-lo, nos deixamos tocar pela dor do nosso irmão.

Madre Teresa de Calcutá dedicava-se incansavelmente a encontrar maneiras de auxiliar os necessitados e enfermos. Fundou a Ordem das Missionárias da Caridade com o propósito de socorrer os desafortunados, os leprosos, os famintos e aqueles que eram abandonados por suas famílias, tanto em momentos de doença quanto na hora da morte.

Neste momento de transição planetária, é crucial revisar nossas metas e nos comprometermos com o autoconhecimento e a autotransformação. É um convite para desapegarmos dos excessos e reconhecermos nossa essência espiritual, lembrando que habitamos temporariamente corpos físicos, mas nossa verdadeira morada é espiritual. É hora de decidirmos ser hoje melhores do que fomos ontem e, amanhã, melhores do que estamos sendo hoje.

¹ Significa o ponto fraco de alguém, transmite a ideia de vulnerabilidade.
² Espírito André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier

Ângela M. Camargo

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