Desigualdade social: Kardec errou?
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVI, Kardec tece considerações em torno das desigualdades das riquezas, elencando várias causas para esse fenômeno social.
No entanto, no texto citado, nos causa espécie a seguinte afirmação de Kardec: é ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, daria a cada um parcela mínima e insuficiente.
O sociólogo Domenico de Masi comenta em seu último livro – O mundo ainda é jovem – que, segundo dados financeiros confiáveis, se dividíssemos igualmente a riqueza produzida bastaria para assegurar o bem-estar de todos. De Masi se baseia no seguinte fato: se dividirmos o PIB mundial, ou seja, toda a riqueza do mundo (cerca de 80 trilhões), pelos 7,4 bilhões de habitantes da Terra, daria para cada indivíduo cerca de 10 mil dólares por ano, ou seja, 45 mil reais, o que daria para que todos vivessem dignamente.
Será que Kardec se equivocou?
Possivelmente não! Kardec fez essa afirmativa com base na realidade econômica de sua época, em meados do século XIX. Informa-nos Steven Pinker, na obra O novo iluminismo, que, em virtude do notável desenvolvimento tecnológico, ficamos muito mais ricos, pois o PIB mundial cresceu cem vezes de meados do século XIX até nossos dias, enquanto a população mundial aumentou apenas sete vezes. Possivelmente, àquela época, tal afirmação de Kardec fosse pertinente, não se mostrando mais em nossos dias.
Ricardo Baesso de Oliveira