A quem beneficia?
As tarefas espíritas são, para muitos de nós, fonte de imensas alegrias e grande prazer. Mas, esse prazer se equivale, algumas vezes, ao mesmo prazer que decorre de atividades como pesca submarina, jogo de sinuca ou uma partida de futebol com os amigos: apenas um acontecimento prazeroso. Gostamos da Doutrina espírita (como outros gostam de viagens longas, ou churrasco na laje) e nos sentimos bem com as atividades espíritas, onde encontramos os amigos e realizamos tarefas que nos permitem demonstrar nossas habilidades.
Nada mal nisso, mas pobre e insuficiente para quem, de verdade, quer fazer do Espiritismo algo mais que um divertimento, mas um empreendimento que traz benefício para outros.
Necessário, portanto, que em nossas iniciativas espiritistas, sejam quais forem, nos perguntemos: que benefícios essas atividades trazem àqueles que compartilham conosco as experiências corpóreas? A minha palestra, o meu artigo, a descrição que faço de uma experiência pessoal, o grupo criado, a iniciativa inventada, de alguma forma, torna o meu semelhante melhor, alivia a sua dor, esclarece as suas dúvidas, sensibiliza-o para o melhoramento pessoal, dá-lhe esperança, reforça sua fé? Se as respostas a essas indagações forem não, estamos agindo aquém do que poderíamos.
Um ato moral é aquele que consciente e voluntariamente interfere positivamente no bem estar de outros. O conhecimento espírita necessita, de alguma forma, render, gerar frutos, valer a pena, apresentar algo de bom, útil, nobre e belo.
Se nossa atividade espírita não contempla isso, fazemos pouco!
Lembra o benfeitor Emmanuel:
A questão fundamental é de aproveitamento.
Indubitável que a cultura doutrinária representa conquista imprescindível
ao seguro ministério do bem; contudo, é imperioso reconhecer que, se
o coração do crente ambiciona a santificação de si mesmo, a caminho das
zonas superiores da vida, é indispensável se ocupe nas coisas sagradas do
espírito, não por vaidade, mas para que o seu justo aproveitamento seja
manifesto a todos.[i]
[i] Vinha de luz, cap. 14
Ricardo Baesso de Oliveira
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