Quando a evidência convence
Havíamos terminado nosso grupo de estudos no IDE-JF quando uma colega, de belos dotes mediúnicos, disse-me:
– Tenho a firme impressão de que seu pai esteve conosco esta noite. Senti forte influência de alguém muito próximo de você, que recomendou abraços para você, sua mãe e seus irmãos. Mas tem uma coisa estranha. No final, ele disse: “Fala para eles que é o Tuca.” Essa eu não entendi.

Tuca era o apelido do meu pai – Arthur – usado apenas pelos familiares e amigos da cidade de Guarani. No IDE-JF, ninguém sabia desse apelido, e muito menos a médium que lhe serviu de intermediária, que estava conosco há pouco tempo e não conhecera meu pai enquanto encarnado. Detalhes como esse ajudam muito na identificação de Espíritos comunicantes.
As dificuldades implicadas na identificação dos Espíritos comunicantes foram estudadas por Kardec, que divide o problema em duas dimensões: as comunicações íntimas, de Espíritos conhecidos do médium ou do grupo, e as comunicações de Espíritos estranhos ao grupo ou de personalidades históricas.
Nas comunicações íntimas, a comprovação de que se trata efetivamente da individualidade que o Espírito afirma ser se baseia em dados fornecidos pelo comunicante e que podem associá-lo ao falecido. Segundo Kardec, quando se manifesta o Espírito de alguém que conhecemos pessoalmente, de um parente ou de um amigo, por exemplo, principalmente se morreu há pouco tempo, sucede geralmente que sua linguagem se revela de perfeito acordo com o caráter que tinha aos nossos olhos quando vivo. Quase não há mais lugar para dúvidas, entretanto, quando o Espírito fala de coisas particulares, lembra acontecimentos de família, sabidos unicamente pelo seu interlocutor.
Acrescenta também que a caligrafia ou mesmo a assinatura da entidade podem ser elementos de comprovação quando se identificam com a letra ou assinatura do indivíduo enquanto encarnado.
Nas comunicações de estranhos ou figuras históricas, é quase impossível o registro de elementos que comprovem a identidade do Espírito, pois faltam dados de identificação que possam ser comparados com o falecido.

Sobre a autenticidade das comunicações íntimas, destaca-se uma pesquisa de 45 mensagens recebidas por Chico Xavier e publicada no livro A Vida Triunfa. Familiares e amigos dos Espíritos comunicantes foram entrevistados em busca de dados que pudessem confirmar a autenticidade da comunicação. Todas as mensagens examinadas possuíam dados de identificação confiáveis.
Em 100% dos casos, registrou-se a presença de parentes ou amigos desencarnados no limiar do outro mundo. A citação do nome de parentes e amigos desencarnados conferiu grande autenticidade às cartas-mensagens. Em 68,9% delas são referidos de 1 a 3 parentes/amigos falecidos, em 13,3% de 4 a 6, e em 11% mais de 6. Em cálculo aproximado, as 45 mensagens registraram mais de uma centena de nomes citados. Esse dado ganha maior força quando se verifica que 93,3% dos informantes declararam que não conheciam o médium antes do desencarne do comunicante.
Ricardo Baesso de Oliveira
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