Não o ajudar a viver seria não o amar
Vale a pena recordarmos um diálogo de Allan Kardec com seu principal guia espiritual – o Espírito da Verdade. Isso se deu bem no início da codificação espírita.
Kardec perguntou-lhe:
– Você me disse que será para mim um guia, que me ajudará e protegerá. Compreendo essa proteção e o seu objetivo, no que se refere à organização do Espiritismo, mas poderia dizer-me se essa proteção também alcança as coisas materiais da vida?
O Espírito respondeu:
– Nesse mundo, a vida material é muito importante; não o ajudar a viver seria não o amar.
Comentando a resposta da entidade, Kardec escreveu:
– A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou. A sua atenção e a dos bons Espíritos que agiam sob suas ordens se manifestaram em todas as circunstâncias da minha vida, quer a remover dificuldades materiais, quer a facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da maldade dos meus antagonistas. Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.
É muito consolador sabermos que existem Espíritos bons que se preocupam conosco, que cuidam de nós e que tudo fazem para nos auxiliar nas experiências da vida.
Mas, é necessário sabermos, também, que muitas vezes, por mais que nos amem, sua intercessão não é possível. Isso porque não podem, ou porque não devem.
Não podem porque certos acontecimentos que se dão em nossa vida não são modificáveis. Tratam-se de condições profundamente arraigadas a nossa história reencarnatória, como certas marcas perispirituais, que não podem ser dissolvidas.
Não devem porque sabem que certas vicissitudes acontecem como um mal menor, profiláticas de males muito maiores.
Independentemente de qualquer coisa, a presença afetuosa deles se dará, talvez não como gostaríamos, mas como precisamos.
Ricardo Baesso de Oliveira
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