Moral
Estamos no ano de 2022, século XXI. Terceiro Milênio. O imaginário das pessoas em todo o mundo aguardava essa mudança de século e de milênio com muita expectativa. O que aconteceria? Que mudanças a humanidade poderia sofrer com essa nova passagem de época? Profecias antigas, futurólogos opinando, filosofias e doutrinas apontando acontecimentos.
A mídia de todo o mundo mostrava cenas, documentos, entrevistas com especialistas e cientistas. Também tecnologias de última geração, aparelhos recém inventados, avanços memoráveis da ciência em todas as áreas…
Mas, havia uma nota de lamento: o homem, em geral, progrediu pouco em relação à sua evolução interior, em sua moral, seu respeito e sua ética.
Estamos passando por uma época, no mínimo, paradoxal. Nunca houve tanta gente interessada nos problemas sociais, no voluntariado, nas cobranças para uma vida melhor para todos. Mas, também, nunca os desmandos e as falcatruas estiveram tão à mostra. Mais visíveis e mais escancaradas. Sempre existiram, mas mais ambiciosas atualmente.
Alguém poderia perguntar como a Espiritualidade Superior permite tamanhos desmandos entre muitos homens e mulheres no poder em todo o planeta. Conchavos, enganações, alianças escusas, desvio de somas enormes de valores financeiros… A educação e a saúde do povo sempre para depois. Ou não tanto aplicadas. E quando alguns poucos bem-intencionados tentam melhorar essas circunstâncias, os que estão contra, fazem de tudo para obstar.
Paradoxal, dissemos. Mas, para quem entende da Doutrina dos Espíritos, dá para perceber que essa chamada Transição Planetária está a toda força.
A heterogeneidade de caracteres entre os homens beira o infinito. É como se houvesse inúmeras regras do bem proceder, cada grupo de pessoas com seus padrões de moralidade.
Mas, a Moral é única, não admite tergiversações, nem interpretações duvidosas. As regras do bem proceder (veja questão 629 do Livro dos Espíritos), como bem delineou Kardec, em O Livro dos Espíritos, não deixam margem a dúvidas.
E a Moral, como tem que ser, mostra o papel escuso e sombrio do moralismo… O moralismo, sabemos, não tem nada a ver com a moral. Buscando nos escritos a este respeito, encontramos um pequeno trecho de um texto do Jornal da Tarde[1] de 19 de julho de 1998, por L. F. Barros[2]. “Moralismo é a aplicação indiscriminada, automática e mecânica de juízos morais, sem a compreensão exata das situações existenciais. Trata-se de um formalismo, sem significado ético e por isso ineficaz. Na verdade, o moralismo é a negação da moral, da mesma forma que o fanatismo é e negação da religiosidade.”
O Livro dos Espíritos, à questão 625, nos mostra que o nosso modelo e guia é Jesus. Sim, modelo e guia em todas as circunstâncias. Sua presença entre nós nos legou uma vivência de Moral extraordinária, em que os discípulos divulgaram e disseminaram Seus ensinamentos.
Não só Suas palavras, mas Suas atitudes nos ensinam constantemente sobre a moral. Quando foi à casa de Zaqueu, mostrou aos que se consideravam superiores aos demais que isso estava errado. Na passagem da mulher adúltera, colocou todos em pé de igualdade em relação a ela, ensinando que ninguém ali estava livre do pecado.
Enfim,
cabe a nós, qualquer cidadão de qualquer credo ou fé, mas, principalmente aos
espíritas, a decisão de fazermos a nossa melhor parte, a atitude de não julgar
ou condenar, mas procurarmos exemplificar com nossas ações a melhora pessoal,
influenciando a melhora coletiva.
[1] Jornal da Tarde, ou apenas JT, foi um jornal diário da cidade de São Paulo, Brasil. Sua primeira edição circulou em 4 de janeiro de 1966. A última, mais de 46 anos depois, em 31 de outubro de 2012.
[2] Mestre e Doutor em Filosofia da Educação pela USP, Luiz Ferri de Barros é Administrador de Empresas pela FGV, escritor e jornalista.
Fernando Emílio Ferraz Santos
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