Editorial
A Lei de Adoração e nossa conexão com Deus
Caros(as) leitores(as),
No caminho de nossa evolução espiritual, encontramos na Lei de Adoração um dos princípios fundamentais que norteiam nossa relação com o Criador. Esta lei, codificada por Allan Kardec na terceira parte de “O Livro dos Espíritos”, nos revela que a adoração é um sentimento inato no ser humano, manifestando-se em diferentes formas ao longo da história da humanidade.
A lei natural da adoração
Quando analisamos as questões 649 a 673 de “O Livro dos Espíritos”, compreendemos que a adoração não é uma imposição divina, mas uma necessidade intrínseca do espírito. Os Espíritos Superiores nos esclarecem que adorar a Deus consiste em elevar o pensamento a Ele, estabelecendo uma conexão íntima com a Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas.
Esta visão espírita encontra ressonância nas escrituras bíblicas. No Evangelho de João (4:23-24), Jesus nos ensina: “Mas vem a hora, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”
Para além dos rituais
A doutrina espírita nos convida a transcender os rituais exteriores e alcançar uma adoração mais profunda, baseada no aprimoramento moral e intelectual. Isto ecoa o ensinamento de Paulo aos romanos (12:1): “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
A verdadeira adoração, portanto, manifesta-se na prática do bem e no cumprimento das leis divinas. Em Mateus (22:37-39), Jesus sintetiza toda a lei em dois mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento… Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
A prece como instrumento de conexão
Na concepção espírita, a prece é um dos mais poderosos instrumentos de adoração e conexão com Deus. Não por acaso, o Mestre ensinou-nos a orar com simplicidade e sinceridade, como vemos no Pai Nosso (Mateus 6:9-13).
“O Livro dos Espíritos” nos esclarece que a prece é um ato de adoração que eleva nossos pensamentos e nos coloca em sintonia com as forças superiores. Através dela, podemos agradecer as bênçãos recebidas, pedir auxílio em nossas necessidades e, principalmente, buscar forças para cumprir nossa missão terrena.
Em 1 Tessalonicenses (5:17-18), Paulo nos exorta: “Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”
A adoração universal
Um dos aspectos mais belos da Lei de Adoração, conforme apresentada pelo Espiritismo, é seu caráter universal. Independentemente de crenças ou religiões, todos os seres humanos sentem, ainda que de formas diferentes, a necessidade de se conectar com o Criador.
Esta universalidade é reconhecida nas escrituras bíblicas. No livro de Malaquias (1:11), lemos: “Porque desde o nascente do sol até ao poente, grande é o meu nome entre as nações; e em todo lugar se oferece ao meu nome incenso e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos.”
Conclusão: Uma adoração consciente
À luz do conhecimento espírita, somos convidados a desenvolver uma adoração consciente, baseada no entendimento de nossa natureza espiritual e de nossos deveres para com Deus e o próximo. Como afirma “O Livro dos Espíritos”, a adoração mais agradável a Deus é aquela que parte do coração e se manifesta nas ações.
Que possamos, então, cultivar esta conexão divina em nosso dia a dia, lembrando sempre da orientação de Tiago (1:27): “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.”
Trabalhemos, assim, para que nossa adoração seja um verdadeiro reflexo de nosso compromisso com o amor e a caridade, princípios máximos ensinados por Jesus e reafirmados pela Doutrina Espírita.
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