Ouvir Jesus com os olhos
O Espírito Joanna de Ângelis, através das mãos de Divaldo Pereira Franco, no capítulo Os Infortúnios Ocultos, do livro Jesus e o Evangelho – À Luz da Psicologia Profunda, afirma que “O homem moderno necessita ouvir Jesus com os olhos”, levando-nos a refletir sobre as questões teóricas e as questões práticas do Evangelho do Cristo.
Segundo os Espíritos que trabalharam na codificação da Doutrina Espírita, juntamente com Allan Kardec, na questão 625, de O Livro dos Espíritos, o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo é Jesus.
Diante dessas informações, cabe a todos nós entendermos a necessidade de ultrapassarmos o campo teórico do Evangelho para a suas ações práticas. Não obstante, destacamos que a concepção teórica dos ensinamentos do Evangelho é de extrema importância, porque nos remete a uma introspeção, em busca do eu profundo, onde dormita a essência divina. Porém, não basta apenas encontrar, é necessário viver a essência divina.
Joanna de Ângelis quando nos chama atenção para esta feliz oportunidade de “ouvir Jesus com os olhos”, vem nos oferecer uma possibilidade extraordinária de deixarmos a sombra da retórica, que ainda existe em nós, em virtude das divagações do ego, para nos iluminarmos de dentro para fora, através das ações misericordiosas que Jesus vivenciava em seus atos. Justamente, buscando o exemplo, do modelo e guia, que poderemos romper a inércia das concepções alegóricas, que nos remete a uma projeção circunscrita apenas ao mundo das ideias, pois, já nos ensinava o Apóstolo Thiago, a fé sem obras é morta. (1ª Carta de Thiago. 14:26).
A veneranda nos conclama a viver a prática evangélica que, em todos os momentos históricos foi fundamental, porém, no momento atual, é imprescindível. Diante dos desafios da morte do corpo físico, busquemos no exemplo de Jesus no Gólgota a confiança que tinha no Pai. Diante das aflições e dificuldades daqueles que o procurava, compreendia seus sofrimentos e lhes ofertava o consolo da misericórdia. Diante das autoridades civis e religiosas, que o subjugavam e o condenavam, pedia ao Pai misericórdia para aqueles, que ainda presos nas suas paixões viciosas da matéria, não compreendiam o momento de renovação.
Cabe a cada um fazer a escolha, neste momento de transição: ficar com a retórica dos templos de pedras ou caminhar com as sandálias empoeiradas em direção a vinha do Senhor.
Afonso Celso Martins Pereira
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