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Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo

Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita explora magnificamente a reencarnação no capítulo 4 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Nas cercanias de Cesárea Jesus perguntou a seus discípulos: Quem dizem que eu sou? Uns dizem que é João Batista, outros, Elias ou alguns dos profetas. E vós, quem dizem que sou? Simão Pedro tomando a palavra respondeu: Tu és o Cristo, filho de Deus vivo. – Respondeu-lhe Jesus: “Bem-aventurado és porque não foram a carne nem o sangue que isso te revelaram, mas meu pai que está nos céus” (Mateus 16:13-17, Marcos 8:27-30).

A partir desse texto podemos tirar duas conclusões:

1º – As ideias que tanto os discípulos como outras pessoas faziam em torno de quem seria Cristo, imaginando-o como João Batista, Elias ou algum dos profetas, levam-nos a concluir que os judeus acreditavam na reencarnação.

2° – Também podemos concluir, com base na resposta de Jesus, que Pedro por si só não poderia ter dado aquela resposta, a menos que a espiritualidade superior o houvesse inspirado.

Mas, o que é reencarnação?

Reencarnar é voltar a viver num novo corpo físico. É uma nova oportunidade de aprendizado. É a formação de um novo corpo e a animação desse corpo. É uma ressurreição na carne, mas não a ressurreição da carne.

Algumas crenças pregam a ressurreição da carne, sugerindo que as pessoas retornam à vida em seus corpos físicos já falecidos. A ciência demonstra a impossibilidade disso.

O espiritismo esclarece que, quando a carga vital se esgota devido a doença, envelhecimento ou acidente, o corpo morre, e os laços perispirituais que ligavam o espírito ao corpo físico se desfazem. O espírito, que preexistia ao corpo e continua a viver após a morte, mantém o perispírito, que também preexistia e perdura. É exatamente sobre isso que o apóstolo Paulo fala em “SEMEIA-SE CORPO ANIMAL, RESSURGE CORPO ESPIRITUAL” (1 Coríntios 15:44).

A lógica da reencarnação é baseada na justiça. Deus é justo? Sim, ele é perfeito e possui todas as virtudes, sendo, acima de tudo, justo. Seria justo impor o sofrimento a alguém sem que essa pessoa tenha merecido tal sofrimento? Não, porque essa ação contradiz os conceitos de justiça, amor e bondade.

Então, qual é a explicação para as pessoas que nascem com deficiências, paralisias, doenças ou cegueira, enquanto outras nascem saudáveis e perfeitas? Outros nascem em famílias desestruturadas, vivendo em extrema miséria, sem nenhum referencial moral, muitas vezes sendo vítimas precoces de violência e adversidades de toda ordem.

Se fôssemos criados por Deus no momento do nascimento, sem vidas anteriores, qual critério o Criador usaria para escolher quem seria saudável e quem seria deficiente, cego, etc.? A única explicação seria a sorte ou o azar? Não haveria uma explicação mais coerente?

Somente a reencarnação explica, de maneira coerente, a situação das pessoas que iniciam a vida em condições difíceis.

Benefícios da Crença na Reencarnação:

Entender que a vida não é apenas um momento, mas sim uma jornada, ajuda-nos a perceber que experiências positivas e negativas fazem parte de um processo maior de aprendizado. A crença na reencarnação ajuda-nos a perceber a dimensão imortal da nossa alma, o que pode nos ajudar a superar medos, ansiedades e preocupações do dia a dia.

Além disso, a crença na reencarnação pode servir como uma motivação para buscarmos o bem, servir ao próximo e crescer como seres humanos. Cada dia pode ser visto como uma oportunidade única para aprender e evoluir.

Concluindo, para entender e compreender a reencarnação segundo o Espiritismo, é fundamental o estudo das questões 166 a 171 de “O Livro dos Espíritos”, bem como o Capítulo IV, intitulado “Ninguém Pode Ver o Reino de Deus Se Não Nascer de Novo”, no livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Paz e luz.

Luiz Eduardo Prado de Oliveira

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