Profilaxia da alma
Este é o título do capítulo 28 do livro “Rumos Libertadores”, do Espírito Joanna de Ângelis, onde nos traz belas orientações, iniciando: “Quando a alegria esfuziante dominava as tuas emoções, não te deste conta da transitoriedade dos júbilos.

Agora, quando as aflições te surpreendem, convidando-te à reflexão, não te deixes abater, igualmente, recordando-te que logo mais terão cedido lugar a outras expressões com que avançarás escalada acima. (…)”.
Imaginemos o que a benfeitora continua a nos dizer em todo o capítulo, mas é importante já neste início fazermos algumas digressões, visto ser este o objetivo: mergulharmos um pouco mais no entorno desta orientação. Este chamamento nos leva a ampliar as informações que já o conhecimento espírita nos traz: de que somos seres a caminho da perfeição, relativa, claro, mas a caminho desde os reinos mineral, passando pelo vegetal, animal, até que chegamos ao estágio atual, hominal, onde conquistamos a razão, o livre-arbítrio. Contudo, desde os reinos citados, adquirimos os instintos, que vinham sendo ampliados ao longo destes reinos; daí que as atrações minerais, vegetais e animais acontecem por pleno instinto, tanto é que todos se atraem e buscam defesas de sobrevivência, ficando mais notável isto nos animais que caçam para a sobrevivência, se protegem, vivem em manadas etc. Muito belo isto!
No livro “A Gênese” [1], quinta obra da codificação, Allan Kardec dedica o capítulo sobre “O Bem e o Mal” com subtítulo: “Instinto – Inteligência”; também dedica na quarta obra da codificação, “O Céu e o Inferno” [2], tratamento ao tema.
Por que Kardec traz estas matérias e muitas outras advindas dos Espíritos? Numa digressão mais profunda, vamos ver que todas as matérias, independentemente do estágio, tais como roupas, corpo físico, móveis, veículos e tantos outros, possuem, senão todos, pelo menos alguns componentes químicos similares, daí a força de atração que exercem sobre o homem; entendemos assim por que nos apegamos tanto às coisas, às pessoas e a tudo à nossa volta. Clareia para nós quando Joanna de Ângelis iniciou o capítulo citado, por que, quando atingimos a fase hominal, assumimos o dever de fazer com que a inteligência se sobreponha aos instintos, ainda que estes se aflorem, afinal a inteligência é “o gabinete da vontade” [3] (ver também questão 909 de “O Livro dos Espíritos” [4]).
O Espírito Lázaro também nos orienta, quando nos diz n'”O Evangelho segundo o Espiritismo” [5]: “O amor resume inteiramente a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. (…)”.

Neste esforço constante de superar o homem velho a cada dia, somos convidados a nos esforçar um pouco mais, lembrando-nos sempre das primeiras palavras da benfeitora (citadas no início), da transitoriedade da matéria: passam as alegrias, passam as dores, tal como nos orienta o Apóstolo Pedro em sua 1ª carta [6]: “Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada”.
Referências bibliográficas:
[1] A Gênese, Allan Kardec, Capítulo III – O Bem e o Mal, Subtítulo: Instinto – Inteligência.
[2] O Céu e o Inferno, Allan Kardec, Capítulo VII – A Carne é Fraca.
[3] Pensamento e Vida, Emmanuel, Capítulo 2.
[4] O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Questão 909.
[5] O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo XI, Item 8 – A Lei de Amor. [6] Primeira Epístola de Pedro, Capítulo 1, Versículo 24.
Geraldo Sebastião Soares
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