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O argueiro e a trave no olho

“Não julgueis, para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

E por que reparas tu no argueiro que está no olho de teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? (…)” – Jesus. (Mt, 7:3)

Precisamos perceber, com a lente da Doutrina Espírita, que os Espíritos colocaram esta mensagem de Jesus através da magistral codificação de Allan Kardec, no cap. X, “Bem-aventurados os Misericordiosos, porque obterão misericórdia”, citada por Jesus no Sermão da Montanha. Isso nos leva ao entendimento de que, na medida em que exerço a misericórdia, elevo minha faixa vibratória e, naturalmente, absorvo as energias da Espiritualidade superior, o que me faz sentir muito bem. Fica muito claro, afinal, que a Lei de Deus tem como um dos atributos a JUSTIÇA, demonstrando que, por outro lado, se permaneço no julgamento dos defeitos do outro, me mantenho conectado a uma faixa vibratória inferior, absorvendo tais energias e, consequentemente, vou me sentir mal. Daí ter dito Jesus que posso estar com uma trave em meu olho enquanto observo um argueiro (cisco) no olho do outro; em outras palavras, posso estar incorrendo em erro duplo: julgando indevidamente o outro e, ao mesmo tempo, tendo um comportamento muito menos censurável que o meu.

Aproveitando estes ensinamentos luminosos da Doutrina Espírita, Allan Kardec faz uma dissertação profunda no cap. IX de O Evangelho Segundo o Espiritismo sobre a Lei de Amor, que nos traz a importância do Amor de Deus, que sustenta o Universo e nos dá e sustenta a vida.

Considerando ser a Lei de Amor e Caridade a máxima do Universo, toda atitude contrária a esta lei nos gerará grandes sofrimentos, enquanto atitudes coerentes com ela nos trarão vibrações confortáveis, fazendo-nos sentir muito bem. Concluindo, portanto, todo julgamento infeliz de nossos irmãos, sem resposta ao questionamento de Jesus: “E por que reparas tu no argueiro que está no olho de teu irmão?…” (vide epígrafe), certamente nos trará consequências complicadas.

Sendo, portanto, a Doutrina Espírita o Evangelho Redivivo de Jesus, ela nos traz os esclarecimentos necessários sobre os fundamentos morais tão pregados por Jesus, aclarados pelos princípios básicos: “Imortalidade da Alma, a Natureza dos Espíritos e suas Relações com os homens, as Leis Morais, a Vida presente, a Vida futura e o Porvir da Humanidade.” Dessa forma, sua vasta literatura advinda dos espíritos nos facilita a caminhada empreendida em cada reencarnação rumo à perfeição moral. Importante lembrar a Luz maior que se faz sobre estas singelas considerações: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” – Jesus (Mt, 5:48)

Geraldo Sebastião Soares

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