Chamamento à luta
A disposição para o trabalho é sempre um grande desafio, pois ao longo dos milênios, nos acomodamos na zona de conforto e, ao sermos convidados hoje a uma mudança necessária, nos deparamos com grandes dificuldades. Contudo, se meditarmos um pouco sobre a dinâmica do Universo, a dinâmica das coisas, vamos perceber que somos energia e que essa energia faz parte de um todo, que por sua vez também está em movimento, progredindo constantemente. Esse movimento segue a lei do progresso natural; nosso movimento, por outro lado, considerando que estamos na fase humana, já possuidores do livre-arbítrio, atenderemos a essa lei por meio da mudança interna, ou seja, pelo nosso avanço moral.
Vianna de Carvalho nos motiva à luta quando, com amor, nos diz: “Vivendo os tempos anunciados, não vos surpreendais com os testemunhos. Chegou a hora que foi predita pelo Senhor, e todos vos encontrais convocados para demonstrar a fé interior através de vossas próprias ações. (…) Vida interior acima das convenções. Atitudes além das aparências. (…) Já vos oferecestes para o banquete da luz da Era Nova. Traçastes a rota libertadora; portanto, não adiem a vossa marcha.” (Reflexões Espíritas, capítulo 17).
Quando buscamos nos fortalecer para esse compromisso, voltamos ao Evangelho de Jesus: “Se amais somente os que vos amam, qual é a vossa recompensa?” (Lucas 6:32). Percebemos que o grande desafio, entre todas as tarefas, é aprender a amar incondicionalmente todos os nossos irmãos. À medida que aprofundamos nos ensinamentos de Cristo, tão nobremente vivenciados por Kardec, percebemos que os exemplos devem ser seguidos e incorporados. Dessa forma, na forja de um planeta de provas e expiações, que possamos gradualmente nos entregarmos cada vez mais e, em constante crescimento, avançarmos em direção à Luz.
Emmanuel, incansável em seu trabalho de nos impulsionar para a frente e para o alto, traz-nos no capítulo 24 do livro “Ceifa de Luz”: “Evidentemente, é sempre fácil estimar os que nos amam, valorizar os que nos servem, apoiar os que nos aplaudem (…). Em Jesus, porém, a vida nos impele a diretrizes mais elevadas. (…)”. Nessas reflexões, compreendemos melhor a necessidade de erguer “as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados” (Hebreus 12:12) e ainda lembramos o Espírito Meimei em “Cartas do Coração”, quando nos diz: “Não percas a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera com paciência. Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do Céu permanecerá.”.
Neste momento que vivemos, agradeçamos a Deus pelas oportunidades que se apresentam diante de nós. Erguemo-nos, lembrando a coragem dos primeiros cristãos, que se sacrificavam por amor ao Evangelho, e que hoje, esse sacrifício se traduz em “vencer a nós mesmos”, superando nosso egoísmo e orgulho, as maiores chagas da humanidade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XI, itens 11-12).
Geraldo Sebastião Soares
Página 10