Autoiluminação
A pós-modernidade que está em plena exuberância neste século, nos traz uma sociedade altamente consumista e individualista. Seus integrantes buscam, de todas as formas e possibilidades, maneiras de saciarem a sede de consumo e suas vontades de realização, para proporcionarem alguma garantia de equilíbrio em suas demandas de ordem íntima. Entretanto, como é característica dessa sociedade, o imediatismo e a liquidez, o que hoje lhe proporciona uma certa euforia e uma satisfação momentânea, acaba alimentando uma procura ainda maior em outro dia, no momento imediato, porque o consumismo materialista é como a água que mata a sede somente naquele momento, reclamando nova necessidade futura.

No livro O Consolador, psicografado por Chico Xavier e ditado por Emmanuel, na questão 219, em resposta à pergunta “Onde poderemos encontrar a fonte principal de ensino que nos oriente para a iluminação?”, o mentor esclarece: “Para a iluminação do íntimo, só tendes no mundo o Evangelho do Senhor…”.

O
apóstolo João narra no capítulo 4, o encontro e o diálogo de Jesus com a mulher
samaritana junto ao poço de Jacó e, em determinado momento, o Mestre após pedir
um pouco d’água, afirma à mulher: “Todo aquele que bebe desta água terá sede
novamente. Mas, quem beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, ao
contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água jorrando
para vida eterna.”[i].
Precisamos refletir
se continuaremos a buscar no mundo material, no exterior, a fonte que nos
proporciona a satisfação efêmera, que necessita de investimentos nas filosofias
de vida narcisistas, como o consumo de uma autoimagem por exemplo, que precisa
constantemente de retoques, conforme muda o vento que define a moda do
bem-estar de hoje, que será diferente amanhã e também diferente depois de
amanhã, necessitando cada vez mais, matar a sede da ansiedade galopante, que se
apodera do homem pós-moderno. Ou, sigamos o mentor Emmanuel, que nos aponta a
fonte, a mesma que Jesus ofereceu à mulher samaritana, o Evangelho, onde jorra
água viva, que mata a sede do Espírito imortal, independente do período
histórico que está encarnado, possibilitando a este, através de seu esforço próprio,
a autoiluminação, possível na fonte única do Evangelho, que possui ensinamentos
morais atemporais, para que possa fazer brilhar a própria luz, sabendo que a
matéria é apenas o meio e não o fim, para aquele que jornadeia nas diversas
encarnações.
[i] Jo 4:13-14.
Afonso Celso Martins Pereira
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